segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Encontrei isto

No blogue aquijazz-mim

"A MINHA PORTA...


A minha porta está velha…não me lembro muito bem de como era a minha porta antes, supostamente era nova como eu era.
Na rua de Arouche nº 25 erguia-se uma casa, 1º andar humilde, poucas divisões e tectos de caniço, uma cozinha com um tanque de pedra, uma sala de jantar com janela cheia de vasos de flores (agora lembro que era como se fosse o nosso jardim..ilusões dos olhos dos pobres), uma casa de banho onde não se podia tomar banho, dois quartos, uma sala de entrada que, como o nome indica, ficava-se nela assim que se entrava por uma escadas longas e perigosas (ainda me lembro da cancela de madeira ali colocada para que se evitassem acidentes), um dos quartos era interior, a única luz natural que tinha era de uma telha de vidro colocada bem lá nas alturas…era um quarto com muitas camas, o outro quarto (o dos meus pais) tinha 2 janelas para a rua e uma porta que dava para uma espécie de sótão, o sótão de todos os trastes velhos, de todos os utensílios e inutensilios, o sótão de todos os sonhos (um dia conto-vos os sonhos daquele sótão).
Nesta casa, a casa da minha porta da rua de Arouche nº 25, cresceram três meninas.

Hoje passei na Rua de Arouche, ao ver a casa da porta nº 25 o tempo parou…
Vi uma porta velha, uma casa abandonada, a única casa que se encontra em mau estado naquela rua. Na casa da Dona Irondina (nem sei se é assim que se escreve ou se leva H..naquele tempo, no tempo em que ela era a vizinha do rés do chão, eu mal sabia escrever) agora há uma loja de bordados e toalhas de renda, na casa do senhor Silva (antes havia um casão onde ao fim do dia o esperávamos para o ver guardar o carro das “bestas”) há uma loja de computadores e um escritório de contabilidade, na casa do Victor já viveram lá tantos outros que não sei o nome, na casa da Zézé já não há a loja de electrodomésticos do senhor Malveiro (ai as estórias que aquela loja tinha para contar!) e em frente a esta casa já não existe a casa do faz de conta onde íamos brincar aos pequenos vagabundos (o que valeu alguns dissabores e más recordações a muitos de nós), e a casa da Célia, com a taberna do pai dela (uma taberna enorme e onde se ouviam cantar os homens ao fim do dia) também já não existe como antes.

Todas as casas da rua de Arouche são agora outras casas, só mantêm o nome da rua como antes, são novas, modernas portas e janelas, modernas pessoas, modernas vidas…só a casa da porta nº 25 é uma casa velha com uma porta velha.
Hoje passei pela rua da Arouche, a minha rua, a minha casa, a minha porta..

Hoje fiquei com vontade de vos contar todas as estórias que aquela rua, aquela casa e aquela porta contam ainda em mim.
Naquela casa cresceram três meninas…

Não é por acaso que é necessário bater à porta com aquela mão…
Acredito que não foi por acaso que ninguém modernizou aquela casa, que ninguém habita aquela casa…hoje agradeci em silêncio por o não terem feito…

Tenho tantas estórias para contar…da única casa com porta velha na Rua de Arouche.
Naquela casa cresceram três meninas..
A Fátinha, a zézinha e a Natalinha com uma avó que se chamava Luísa e fazia sonhos.

Shiuuu eu conto…"
A casa de que fala este texto fica mesmo em frente ao quarto da minha filha Inês. Já me tinha intrigado sobre as pessoas que ali teriam vivido, as alegrias, as tristezas, as esperanças, os caminhos que seguiram...

A minha casa é agora o número 18, e a Rua de Arouche é agora a minha rua também.

3 comentários:

  1. txiiiiiiiiiiii tu não me digas que foste tu a "culpada" da "minha" casa já estar em obras!!!!!!!!
    ;)
    Tinha que ser, um dia tinha que ser...passei lá novamente e quando vi que finalmente alguém a estava a recuperar tive um misto de sentimentos contraditórios, mas sorri...tinha que ser!
    um beijo e olha bem por ela ;)
    AquiJazz..mim

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  2. Não, não fui. Não sei quem foi, mas acho que por enquanto, a obra parou na substituição do telhado. O resto ainda permanece igual.
    Hoje de manhã olhei para a porta com mais atenção, mas o batente já não está lá...

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  3. :( eu quero aquele batente!!!! É meu!!!

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