domingo, 17 de janeiro de 2021

#vermelhoembelem

 

Vergonha e muita desilusão. 
 
É o que sinto cada vez que vejo alguém, especialmente uma mulher, dizer que pinta os lábios de preto em contra-protesto à onda #vermelhoembelem. Explico porquê:
 
1. Felizmente tenho mais do que uma célula no cérebro. Consigo indignar-me com a corrupção e os corruptos, com as medidas que tornam os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, com a insuficiente dotação orçamental do SNS e da Educação, com os que exigem mundos e fundos ao Estado, com rapidez e eficiência, mas recusam pagar impostos e até, para espanto de muitos, com as tricas do futebol.
 
2. Ao mesmo tempo, há outras células que se indignam, que se recusam a aceitar que alguém, uma pessoa, se ache no direito de enxovalhar candidatos ao mais alto cargo da nação, chegando a comparar uma candidata a um boneco sexual da mais reles categoria.
 
3. Que essa pessoa seja, ele mesmo, um candidato ao mesmo cargo, só agrava a situação a um ponto que nunca imaginei possível. 
 
4. Que haja outras pessoas, seres humanos, especialmente mulheres - filhas, irmãs e mães de outras mulheres - que concordem com ele, subscrevam o que ele diz e ainda contra-ataquem com o discurso xenófobo, racista e instigador de ódio, só pode significar uma de duas coisas: ou são tão más pessoas como ele, ou são mesmo burras e a única celulazinha que têm a funcionar está gravemente doente.
 
5. Podia ter ficado calada e ignorado. Podia, mas já dizia Martin Luther King: o que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons. E eu não quero que me confundam, que pensem que isto não me incomoda, que me é indiferente. À filha dos meus Pais e à mãe dos meus Filhos isto incomoda, incomoda muito!

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