Açúcar Amarelo: Depois disto, não se queixem ao pé de mim!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Depois disto, não se queixem ao pé de mim!

PSD é o partido mais votado nas eleições legislativas

Sócrates demite-se e anuncia nova liderança no PS

Portas manifesta "disposição" para construir "maioria para quatro anos"

Louçã assume-se como "o primeiro dos responsáveis" pela derrota

Jerónimo aponta eleição em Faro como sinal de "reforço" da CDU

Eu, que não sou política, (por mais que alguns comentadores do blogue queiram fazer parecer que sim), fiquei preocupada. Acabo de abrir a televisão e o destaque é "Portugueses votam nos partidos que assinaram acordo com a Troika". Palavras para quê? Só espero que ninguém se venha queixar ao pé de mim.

Entretanto, os resultados no concelho de Moura foram os seguintes:

7 comentários:

António de Almeida06/06/11, 11:03
Em Beja, o PSD elegeu Carlos Moedas como previ! Fica por perceber se pesou ser um natural da Terra ou foi arrastado pela votação do partido. Num Distrito que elege apenas 3, a questão era o PSD roubar ou não 1 ao PS. Dás-nos o quadro de Moura, mas sem comparação com 2009, não dá para analisar grande coisa, se houve ou não transferência de votos, se foi surpresa ou previsível...
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manuel gouveia06/06/11, 14:08
Este blog é quase serviço público. Estava aqui eu com uma amargurada dúvida existencial, que resultados eleitorais teriam acontecido em Moura e eis se não quando, aqui estão eles.

Votámos no partido da troika? Quem mandou a esquerda fazer essa cisão? Quem se demite não pode governar.
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Zélia Parreira06/06/11, 14:25
Também. Ignorar a troika não a fez desaparecer. Mas hoje, já tivemos o prmeiro aviso em entrevista de PPC à Reuters: Vai ser preciso ir mais longe do que o previsto no acordo com o FMI. É caso para dizer "Tenham medo. Tenham muito medo."
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mfc06/06/11, 15:54
Olha... 214 como eu!!!
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Daniel Santos06/06/11, 19:44
Estamos é bem arranjados.
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Anónimo06/06/11, 20:48
Não vou ter pena nenhuma dos que votaram no futuro negro que já encomendaram para Portugal. Agora aguentem-se, os que conseguirem...! Também não tenho pena nenhuma de ver o Sócrates desaparecer do mapa. Que seja o inicio de um novo partido socialista, sem tiques de partido de novos-ricos e que fez tudo ao jeito dos que se apresentam agora com a cara lavada, mas que aprovaram todas as políticas que hoje criticam.
Aos companheiros e camaradas de luta,a minha solidariedade. Fiquemos, ao menos, com a leveza de não termos sido nós a escolher este caminho. Sem desmotivação: é desta força que somos feitos.
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Anónimo07/06/11, 23:26
O Povo é Quem Mais Ordena.

LT
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Açúcar Amarelo

Primeiro, era a viagem de carro. Curvas e mais curvas no carocha amarelo que o meu pai comprou em 1976. Ao princípio, apenas eu e a minha irmã Marta no banco de trás, depois com a Sara e a Patrícia aninhadas entre nós as duas.

Quando chegávamos a Brinches, íamos logo ter a casa da minha avó. Ficava na rua da entrada, perto de uma igreja, e da Escola onde a minha irmã ainda frequentou a tele-escola naqueles meses inseguros de 1974.

Entrávamos sempre pelo quintal, que fazia uma espécie de corredor ao longo da casa e terminava num pátio, aconchegado pela sombra de uma parreira. Lembro-me de passar aí muitas horas, a conversar e sobretudo, a ouvir as conversas dos “grandes”. O meu avô gostava de fazer aí a barba, com uma bacia e um espelho rectangular pendurado no tronco da parreira.

Entrávamos em casa pela cozinha. Ele aí está, o cheiro da casa da minha avó. Cheira a nós, à nossa vida. Cheira a barro cheio de água fresca e a comida a acabar de cozinhar no fogão. Cheira a taipa e a cal.

Da cozinha passávamos para a casa de jantar, que era também a entrada de casa pela porta principal, e daí para os dois quartos. Na cozinha estava também a porta para a despensa, a minha divisão preferida da casa. Como me parecia enorme aquela despensa… Sempre na penumbra, era ali que se guardava tudo. O cântaro do azeite e a conserva das azeitonas, o queijo de cabra sequinho, as mercearias, os chocolates que a minha avó escondia apenas para que levasse algum tempo a encontrá-los e comê-los às escondidas. E era ali que guardava os pacotes de papel pardo com açúcar amarelo. Às vezes, havia dois pacotes. Era sinal que um deles era para nós trazermos para Moura.

Quando o açúcar se acabava, ia com a minha avó à rua que ia dar ao vale, à loja do vizinho Lico. Outra vez o cheiro. Cheirava a linguiça e a queijo, ao feijão e grão ensacados, a café, a farinha, a sabão azul e branco, a cera vendida a peso, a tudo o que a minha imaginação alcançava.

Do lado direito da porta, encostada à parede, estava a saca do açúcar amarelo, com a colher de latão, para encher os pacotes de ¼ e ½ quilo que as mulheres iam comprar. Eu ia sempre ver quando o vizinho Lico enchia o pacote, na esperança de que viessem muitos torrões, que eu adorava comer à socapa.

Às vezes, na volta, e quando a minha avó estava bem-disposta, passávamos pela casa de uma vizinha, ao lado do posto da GNR, para comprar pirolitos. Eram chupa-chupas caseiros feitos com água, açúcar e mel, com a forma de um cone muito esguio. Havia de vários tamanhos e eu levava sempre muito tempo a decidir quais os que queria. Os grandes eram tão bons, mas só podia comprar um ou dois. Dos pequenos podia comprar mais, mas acabavam-se num instante…

Basta-me fechar os olhos. Saborear o açúcar amarelo a desfazer-se numa chávena de café ou a envolver uma fatia dourada. Tudo volta: O carocha amarelo, a luz do dia no quintal da minha avó, a voz do meu avô, a sombra da parreira, o cheiro da despensa. Nós ainda somos pequeninas, a vida está à nossa frente e tudo, absolutamente tudo, é possível.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Depois disto, não se queixem ao pé de mim!

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