terça-feira, 30 de janeiro de 2018
Marco do correio
Os CTT, privatizados, ameaçam fechar várias estações. A ameaça é fulgurante e fatal. Quando os utentes se preparam para reclamar, já a porta encerrou e os funcionários desapareceram. É um processo que tem vindo a ocorrer há vários anos, mas só agora chegou à comunicação social e até teve direito a debate de Prós e Contras.
A diferença é que, agora, as populações afectadas vivem em cidades grandes. A diferença é que, agora, a decisão vem de uma empresa privada e criticar a sua actuação não fere lealdades partidárias. Mas há 7 ou 8 anos, quando os primeiros postos dos CTT fecharam, essa ordem veio do Estado, legítimo proprietário e gestor do serviço, com o propósito de embelezar o pacote para o potencial comprador. Portanto, as vozes que agora se levantam, naquela altura ficaram em silêncio.
A diferença é que, agora, os lesados têm outros postos de CTT a distâncias que podem ir até 1 km, mas há 7 ou 8 anos, quando fecharam os postos dos CTT nas aldeias do interior, essas populações ficaram definitivamente privadas do serviço (que chegou a ficar a mais de 30 km de distância). A diferença é que, agora, as populações lesadas possuem, na generalidade, competências que lhes permitem utilizar o facebook e o twitter, o email e internet banking, fazem compras online que são entregues ao domicílio e dispõem de meios de deslocação próprios ou públicos. No caso dos postos de CTT que encerraram há 7 ou 8 anos, as populações lesadas eram maioritariamente idosos, sem acesso à internet, sem meios de locomoção próprios e, lá está, sem acesso a meios de transporte públicos, porque também foram cortados para poupar ou para privatizar. Portanto, as vozes que agora se levantam, naquela altura ficaram em silêncio.
Mas não se preocupem, indignados de agora. Nós, as populações desse interior que o poder político decidiu encerrar há muito tempo, estamos do vosso lado. Contem connosco para a luta, seja ela qual for. As nossas vozes fazem coro com as vossas. Mas não se vão daqui sem o troco, mesmo que seja preciso citar o já estafado mas sempre pertinente poema de Martin Niemoller:
Primeiro levaram os comunistas,
Mas não falei, por não ser comunista.
Depois, perseguiram os judeus,
Nada disse então, por não ser judeu,
Em seguida, castigaram os sindicalistas
Decidi não falar, porque não sou sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos,
Também me calei, por ser protestante.
Então, um dia, vieram buscar-me.
Nessa altura, já não restava nenhuma voz,
Que, em meu nome, se fizesse ouvir.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Certidão de pré-óbito
Dito com todas as letras e assumindo todas as consequências, que é o que quem lá está não pode fazer:
Quando acabarem de desmantelar a Biblioteca Municipal de Moura, avisem. Gostava de ir ao funeral.
Quando acabarem de desmantelar a Biblioteca Municipal de Moura, avisem. Gostava de ir ao funeral.
sábado, 6 de janeiro de 2018
Como se (des)faz um leitor
Diálogo abreviado mas absolutamente real:
- Olá, bom ano! Já há algum tempo que não a via, não tenho ido à Biblioteca.
- Olá, bom ano! Então, mas está tudo bem?
- Sim, só que o meu filho este ano tem 5 ou 6 livros de leitura obrigatória e se formos à Biblioteca, ele vem de lá carregado de livros escolhidos por ele e depois só quer ler esses. Não quer ler os livros obrigatórios da escola. Tem sido um castigo para o obrigar a ler. Até lhe digo "Ó filho, mas tu gostas tanto de ler..." mas, enfim, gosta de ler o que ele escolhe!
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
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