Ele, o irmão, quase não fala. Abre a boca apenas para dizer dizer que não consegue dormir. Ela, a irmã, fala ao mesmo tempo. "Não dorme nada. Ouço-o levantar e mesmo que ele ponha o som da televisão baixinho, eu ouço. Anda aborrecido" e chega enfim ao assunto sobre o qual quer falar "Não vê a filha, como é que há-de andar?". Desfia o rosário. A menina já anda na escola e ele só esteve com ela uma vez. Vê-a pela janela quando ela vai a casa da bisavó, que é lá perto. Sabe que disseram à filha que ele está em França, emigrado. Ouviu falar, no programa da Júlia, de uma associação que ajuda pais assim, nesta situação.
Entretanto perguntam-lhe pelo outro sobrinho. "Está lindo. E esperto! No outro dia a outra avó (mãe do pai) apareceu lá na escola, que o queria ver, aquilo era com intenção de o levar e fugir com ele... mas ele estava avisado, disse logo que aquela mulher não podia falar com ele e que era melhor chamarem a Polícia".
Levanta o queixo orgulhosa e eu olho à volta a pensar se terei sido a única a reparar que o comportamento que descreve para o sobrinho é exatamente o mesmo de que se queixa relativamente à sobrinha. Dois pesos, duas medidas: a nossa e a dos outros.
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