Bom dia! Sejam bem-vindos à Biblioteca Pública de Évora!
Comemoramos hoje 216 anos de existência. Celebramos a vida da mais antiga Biblioteca Pública portuguesa, a primeira que abriu com a intenção de partilhar e divulgar conhecimento para toda a comunidade, para todos os que nela procuram crescer, evoluir, melhorar.
É um aniversário singular, celebrado num contexto pandémico que não nos deixa festejar em conjunto, ver, tocar e percorrer os labirínticos comboios de livros, descobrir maravilhas e conversar sobre livros, leituras e pessoas. Mas é-o também porque fecha um ciclo difícil de dois anos em que foi necessário encerrar ao público, para realização das obras de reabilitação do edifício, resultado de um investimento inédito nesta Casa.
Foi um processo verdadeiramente penoso. Vários meses envoltos numa nuvem de pó, a retirar livros das estantes, encaixotar e selar caixas, empilhar e vê-las sair do edifício: 3247 caixas de livros.
Na Biblioteca permaneceram apenas os documentos da Casa Forte, onde não houve intervenção, e os livros do serviço de empréstimo domiciliário, do qual nunca pensámos abdicar. Mas também esses livros (aproximadamente 70.000) tiveram de ser movidos, do lugar onde se encontravam para o piso intermédio do depósito da Sala Filipe Simões. Foram centenas de vezes em que todo o pessoal foi convocado para “fazer comboio”, passando de mão em mão sacos de supermercado carregados de livros, sempre pela mesma ordem, da estante de origem à estante de destino, para garantir que encontraríamos os livros que os nossos leitores nos pedissem.
Durante a obra, em cenário quase digno de um filme de guerra, voltámos a carregar sacos por entre os andaimes, com as reservas pedidas pelos leitores e com as devoluções de cada dia. Nada lamentamos, antes pelo contrário. Foi um orgulho, para todos, termos conseguido assegurar o serviço.
Em maio de 2020 iniciámos o trabalho de re-arrumação. Antes de voltar a receber e abrir caixas, limpar os livros e colocá-los no sítio, foi também necessário pensar a Biblioteca, redistribuir espaços, conseguir criar condições para guardar tudo o que temos e trazer de volta à BPE a documentação acumulada nos antigos celeiros da EPAC – entretanto totalmente esvaziados – e deixar espaço livre para mais uns anos de funcionamento.
Este processo, que ainda está em curso, porque implica que várias condições estejam preenchidas, irá prolongar-se ao longo de vários anos: não basta arrumar, é preciso catalogar. Se não estiverem pesquisáveis, os nossos livros não existem para os utilizadores. Esse é um verdadeiro “buraco negro” que precisamos colmatar.
Para que a reabertura fosse possível, tivemos que nos focar nos espaços públicos, como as salas de leitura e os espaços de circulação. Mas a máquina continua a trabalhar no interior, devolvendo os livros aos seus lugares, já devidamente catalogados, revistos, cotados, em suma: disponíveis. Tudo isto graças ao trabalho incansável de uma equipa reduzida, mas de um empenho e dedicação absolutamente notáveis, a quem deixo o meu reconhecimento e gratidão.
Dadas as circunstâncias, este aniversário assinala também um recomeço. Retomamos o funcionamento, reiniciamos as atividades, planificamos o futuro.
Por isso, decidimos dedicar este dia a esse futuro, próximo, que estamos a construir. Durante as próximas horas daremos conhecimento de atividades, processos de trabalho interno, formas de relacionamento com o público, que estamos a lançar ou a retomar. Daremos também voz e rosto às pessoas que fazem esta Biblioteca, do lado de cá.
Fique connosco, acompanhe-nos neste dia e conheça o que estamos a preparar para si. Não esqueça que a peça mais importante da Biblioteca são as pessoas, os seus utilizadores. Tudo isto que fazemos só terá sentido consigo, com a sua presença, com a utilização dos serviços, a exigência para que possamos melhorar continuamente.
Juntos, poderemos transformar a mais antiga Biblioteca Pública Portuguesa na Melhor Biblioteca do mundo!
Longa vida à BPE!