quinta-feira, 12 de junho de 2014

Os polícias dos animais

Quando chegou à nossa casa, o Stromp devia ter dois meses e pouco. Agora já tem 4 anos e meio. É meigo, dedicado e absolutamente chanfrado. Salta, corre, vai e vem, não consegue conter a alegria quando lhe abrimos a porta do quintal e o deixamos entrar em casa.

Depois acalma. Estende-se no chão "à frango de churrasco", com as patas todas abertas e estendidas. Ultimamente adoptou uma nova posição preferida: cruza as patas da frente, muito atento enquanto as de trás ficam completamente estendidas.

Uma amiga encontrou-o na rua e trouxe-o para a nossa casa, de onde já não saiu. A veterinária diz-nos que lhe parece ser Épagneul Bretão traçado, mas não deixa de ser um cão de rua, sem pedigree, fiel, brincalhão, alegre e irreverente.

Ontem, como desde há coisa de 3 anos, deixámo-lo sair sozinho. Dá a sua voltinha e vem ver se estamos no mesmo sítio. Confirmada a nossa presença, volta a sair e dá o seu passeio. Quando lhe apetece, volta para casa. Já se demorou mais do que o habitual 2 ou 3 vezes, mas nunca falhou. Até ontem.

É que ontem, uma amiga dos animais com excesso de zelo deu por ele na rua e resolveu chamar a protecção civil, que accionou os serviços municipais para recolherem o cão. À hora a que chegou ao canil já a fotografia dele andava de facebook em facebook e nos sites de animais perdidos. Nós andávamos de rua em rua à procura dele.

Não pregámos olho a noite toda. Àquela hora já não contactámos o canil municipal, mas fizemo-lo hoje de manhã. Sim, havia um cão que correspondia à descrição. Só o consegui levantar ao início da tarde, mas tive de pagar uma taxa pelos serviços prestados.

Fiquei hoje a saber que é proibido deixar circular um cão sem trela. Triste mundo este, em que já nem os cães podem passear. A partir de agora cumprirei a lei, pois claro.

Entretanto, quero agradecer aos amigos dos animais que impediram o meu cão (com coleira e bem cuidado, como fazem questão de referir) de regressar a casa, obrigando-o a passar a noite num cubículo no canil. Agradeço também a noite em claro e o alívio na carteira.

Agora sem qualquer ponta de ironia, agradeço ao pessoal do Canil Municipal de Évora pelo trabalho que desenvolvem. Aqueles animais não têm mais ninguém. Obrigada.

Adenda: Há cerca de uma semana que, nesta mesma zona, anda um cão grande a vadiar. Está sujo e visivelmente triste. Curiosamente, ainda ninguém o mandou recolher.

O Stromp, "visivelmente perdido".





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