Quando o dia chega percebemos como somos insignificantes perante o sábio labor da mãe natureza. E sobretudo, percebemos que, sem aviso prévio passamos a ser personagens secundárias na nossa própria vida. Tudo o que fazemos é por eles e para eles. Mesmo quando julgamos andar a cuidar da nossa vidinha, na verdade estamos a agir com a consciência de que as nossas acções são modelo para os futuros comportamentos deles e sim, é verdade, para que eles se orgulhem de nós.
Quanto temos mais do que um filho, o mistério é ainda maior. Ao milagre de termos conseguido gerar uma vida completa, junta-se o milagre de ver aquele sentimento que não nos cabe no peito multiplicar-se e ainda assim arranjar espaço.
Nem tudo é fácil. No longo percurso que é criar um filho, é preciso dizer não. É preciso contrariar, conter, orientar. De uma forma quase masoquista damos por nós a confrontá-los com as contrariedades das quais os queremos proteger. Sabemos que eles vão acabar por enfrentá-las, mais vale que seja debaixo da nossa asa, em ambiente controlado, onde mais tarde podemos fazer-lhe a sobremesa preferida.
Todos os dias nos perguntamos se estamos no caminho certo. Todos os dias desejamos que haja um modelo de actuação que os prepare para a vida sem lhes retirar o optimismo, que os forme como adultos responsáveis e coerentes sem lhes retirar a alegria e irresponsabilidade da infância.
No meu caso, estes dilemas têm sido vividos no singular e sem espaço para reflexão. Sem receitas de sucesso à mão e sem manual de instruções, resta-me confiar num outro milagre que nem sabia que existia: o instinto maternal.
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