Que os dias continuem a suceder-se, como se nada se tivesse passado, é o mais estranho.
Que o sol nasça e se ponha de forma milimétrica, à hora marcada no
calendário, como se ainda te fosse encontrar na rotina dos dias, no
cumprimento das obrigações, é quase uma traição.
Como dizia o
Sebastião da Gama, a propósito do outro extremo da vida, do nascimento,
"os homens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém", tudo continuou
na normalidade à nossa volta.
Só nós ficámos aqui, perdidos, desorientados, atordoados perante uma inevitabilidade que julgávamos poder adiar indefinidamente.
Hoje era o teu dia, Pai.
Hoje é o teu dia.
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
Pai
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