As aguas do rio Daugava são negras e agitadas, mas Riga é uma cidade pacificada.
Lado a lado há edifícios de outros séculos, típicas edificações do período soviético e arquitectura actual. Os géneros mais importantes são a Arte Nova e as construções em madeira, muitas das quais estão a ser recuperadas.
As igrejas são bastante diferentes entre si: os pináculos que aspiram aos céus dos Luteranos contrastam com os sólidos e simples edifícios ortodoxos. De vez em quando, uma igreja católica, simples e discreta.
Tranquilidade e uma luz de Outono ímpar, é o que me fica na memória. Eu, que detesto esta estação, fiquei fascinada por estas cores, que vão do dourado ao bordeaux. Por todo o lado há folhas caídas, mas isso não é problema. Pelo contrário, é motivo de atracção e há visitas organizadas ao "Outono Dourado".
A liberdade é firmemente declarada e o monumento que a representa dá início à Avenida que leva o seu nome, onde fica a Biblioteca Central de Riga. Os vestígios soviéticos foram absorvidos, excepto um: a Casa de Canto, a antiga sede do KGB, que ninguém quer ocupar. Sucessivamente colocada para venda ou arrendamento, mantém-se na esfera pública e acabou por receber o museu do KGB no piso térreo. São as águas negras e agitadas da memória.