O Google, ou melhor, os motores de pesquisa que tornaram a Internet uma imensa base de dados, estão a afectar a nossa capacidade de memorizar a informação. Um estudo revela agora que estamos cada vez mais a perder a competência de aprender e a compensá-la com a aptidão para encontrar a informação onde quer que ela se encontre.
No fundo, esta é também a transformação que as bibliotecas sofreram nas ultimas décadas. Deixaram de ser depósitos de informação e passaram a ser a ponte entre o conhecimento e aqueles que o procuram. Deixaram de trabalhar exclusivamente a informação contida em documentos físicos e passaram a organizar as formas de acesso ao conhecimento existente a nível global.
Sem qualquer ponta de remorso ou arrependimento pelo caminho que também ajudei a percorrer no campo das bibliotecas, é com tristeza que vejo o mesmo acontecer dentro das cabeças dos humanos. Por enquanto ainda se discute apenas a capacidade de memorizar informação, mas receio que se venha a perder também a extraordinária capacidade de lembrar emoções e afectos, sensações e cheiros.
São as memórias de todos os dias, bons ou maus, que conferem sentido à minha vida e que me dão identidade. Não seria certamente a mesma pessoa se não trouxesse em mim as lembranças das alegrias e das tristezas, dos dias de certezas absolutas e confiantes ou das noites de medos e incertezas, das escolhas afirmativas ou da aceitação resignada do inevitável.
Não me quero esquecer de nada. Tudo é demasiado valioso e importante. Tudo valeu a pena ser vivido.
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Gostei muito desta reflexão!!
ResponderEliminarNoutro dia entrei num dessas bibliotecas da província e pedi um livro... do Alves Redol, não tinham.
ResponderEliminarescreve um livro.
ResponderEliminar@António Ganhão
ResponderEliminarMas vai ter, porque as bibliotecas nunca deixam os seus utilizadores sem resposta. Através do empréstimo interbibliotecas, em breve terás "O cavalo espantado" nas tuas mãos. E esta, hein?
@Daniel
Escrever é aí com o vizinho de cima.