Andamos sempre a ouvir falar em trabalho em rede e rentabilização de recursos e depois há quem faça isto. Ora, como se sabe, não é certamente motivada pelo facto de os cofres das freguesias estarem tão cheios de dinheiro que lhes sobra para comprarem livros (sim, não se iludam, os livros estão no fim das listas de prioridades). Como tal, só nos resta deduzir que a intenção aqui é a de diminuir a importância do papel desempenhado pelas bibliotecas públicas no seio da comunidade, relegando-as para os órgãos de menor dimensão na estrutura administrativa nacional e que não têm capacidade financeira para assegurar o seu funcionamento, manutenção e muito menos, o seu crescimento e afirmação. A seguir a isto, ainda vamos assistir a bibliotecas entregues a paróquias e dependentes da boa-vontade de voluntários.
Como foi possível que, em tão pouco tempo, as bibliotecas tenham perdido o seu carácter de estrutura fundamental no acesso à informação, ao conhecimento e à cultura e tenham sido rebaixadas a esta posição de parente pobre da cultura, peso-morto do sistema cultural, encaradas como sorvedouros de dinheiro sem utilidade prática? Como é que passámos de caso exemplar na criação e implementação de uma rede uniforme e coerente de bibliotecas, capaz de assegurar a todos os cidadãos o acesso à informação em igualdade de circunstâncias, para esta política de extermínio de serviços?
Pense bem, Sr. Costa. A ignorância que quer promover é um presente envenenado e com um preço alto demais para pagar.
Torço para que não façam isso com as bibliotecas de Lisboa em Portugal.
ResponderEliminarRicardo - Bibliotecário da Uece-Feclesc, Quixadá-Fortaleza-Ceará-Brasil