O Governo deixou cair a célebre meia-hora extra de trabalho por dia. Louvem aos céus!
Relembro aqui que a meia-hora era o sacrifício imposto em nome da austeridade (e da sustentabilidade do sistema, claro está!) ao sector privado da economia, depois de todos os cortes e taxas aplicados à função pública.
Mas isso já foi no ano passado, já ninguém se lembra, como tal, o governo que é tão generoso (louvem outra vez aos céus, se fazem favor), desistiu da imposição da meia hora e optou por uma medida tão benévola que até me emociona, aplicada a todos os portugueses: Menos 3 dias de férias e menos 4 feriados. As pontes vão passar a ser descontadas nas férias (sugerindo vagamente a ideia absolutamente falsa de que até agora nos teriam sido oferecidas) em data a escolher pela entidade patronal.
Ou seja, a medida que se aplicaria ao sector privado para supostamente representar uma distribuição equitativa dos sacrifícios (como se isso servisse de grande coisa aos funcionários públicos ou lhes desse algum tipo de satisfação), vai afinal recair sobre todos, incluindo os mesmos de sempre. E mais uma vez, o Governo atira para a ventoinha umas sugestões vagas de medidas insuportáveis, para depois ceder uns milímetros e fixar o limite naquilo que sempre foi a intenção inicial, disfarçado de benevolência e generosidade.
As mentiras são tantas que ultrapassam as imaginações mais delirantes. A minha imaginação que sempre foi anémica, está absolutamente de rastos.
Nota muito pessoal:
Só para que conste, e apesar de discordar em absoluto, esta é de todas a medida que menos me revolta. Não me importava nada de trabalhar mais para ajudar o meu país, em vez de me cortarem no vencimento, taxarem o acesso à saúde ou dificultarem o acesso à educação dos meus filhos. Consigo trabalhar mais horas ou dias, mas não consigo deixar de ter a necessidade de alimentar, vestir e calçar a minha família, pagar as contas de água, luz, casa, etc...