Agora, que as redes sociais se enchem de indignados com pungentes gritos de revolta contra Lisboa e as sucessivas administrações centralizadas que optaram por excluir o interior em geral, e o Alentejo em particular, de todas as estratégias de desenvolvimento regional, pergunto:
Onde estavam quando a esquerda apresentou propostas e moções e organizou protestos e manifestações contra a extinção de freguesias?
Onde estavam quando a esquerda apresentou propostas e moções e organizou protestos e manifestações contra a extinção de postos da GNR?
Onde estavam quando a esquerda apresentou propostas e moções e organizou protestos e manifestações contra a extinção dos postos de CTT?
Onde estavam quando a esquerda apresentou propostas e moções e organizou protestos e manifestações contra o encerramento de escolas?
Onde estavam quando a esquerda apresentou propostas e moções e organizou protestos e manifestações contra o encerramento de postos de saúde e a falta de médicos?
Onde estavam quando a esquerda apresentou propostas e moções e organizou protestos e manifestações contra a encerramento de redes de transportes, ou em reivindicação pela melhoria das existentes?
Em casa, ou no local de trabalho, a criticar os manifestantes, não era? A rir, com escárnio, nas sessões das Assembleias Municipais ou nas reuniões de Câmara das respectivas autarquias.
Eu estava lá, nos protestos e nas manifestações, entre muitos companheiros de uma esquerda que presta atenção ao que a rodeia e viu esta nuvem a formar-se. Não ganhámos nada com isso e até perdemos o vencimento desses dias, mas protestámos e fizemos ouvir a nossa voz.
Também apresentei, enquanto membro da Assembleia Municipal à qual pertenci, moções alertando para o abandono progressivo da região, reivindicando melhores condições de vida e de trabalho, alertando para os perigos deste abandono. Também votei favoravelmente muitas outras moções nesse sentido, viessem elas de que bancada viessem. Ajudei a escrever cartas e petições dirigidas às entidades competentes, para evitar o fecho de escolas e de outros serviços.
Nessa época, como agora, o importante era a defesa da região e das populações e não a fronteira partidária. Infelizmente, muitas propostas, moções e petições foram rejeitadas, porque a maioria encarava-as como ataques partidários ao partido no poder e concentrava-se nisso, ignorando o que a sua aprovação poderia ter representado para as populações que a elegera.
Lembro-me de tudo isso porque estive lá. Participei. Estava acordada.
Mas fico feliz por terem visto a luz. Talvez agora possamos lutar todos juntos em defesa e afirmação de uma região que precisa de todos: dos políticos e dos cidadãos que, como eu, trabalham todos os dias para a comunidade, para melhorar o nível social, cultural e económico das populações que servimos, independentemente da área política em que acreditam.
Quando houver um protesto, avaliem a sua justiça e adiram.
Quando houver uma proposta, avaliem a sua justiça e subscrevam-na.
Quando houver uma moção, avaliem a sua justiça e aprovem-na.
Não se deixem condicionar pelas directrizes partidárias. O Alentejo precisa de todos.
(Bom, talvez não precise do José Carlos Malato )
Foto de António Dimas |
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