sábado, 28 de abril de 2012
Até que enfim... Justiça
Um juiz do tribunal de Portalegre decidiu que em caso de incumprimento, a entrega de casa ao banco liquida todo o empréstimo em dívida. Esta decisão pode vir a fazer toda a diferença para muitas famílias, num momento em que estão a ser entregues 25 casas por dia aos bancos por pessoas sem capacidade para cumprir os seus compromissos financeiros.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Parabéns, mãe
A minha mãe faz hoje anos. Acaba-se um ano que não esqueceremos, mas que conseguimos derrotar. Confesso que pela primeira vez me senti completamente impotente, incapaz de seguir em frente, incapaz de resolver a situação, incapaz de lutar. Mas afinal foi possível e este dia tem uma alegria especial. A minha mãe faz hoje 75 anos.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Só para lembrar que tudo é possível
E porque tenho um nervoso cada vez menos miudinho a tomar conta de mim.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
domingo, 22 de abril de 2012
Sobre o dia de ontem e o de hoje
Ontem, foi um espectáculo. Desde a inauguração com a alegria e energia dos Gigabombos, passando pela apresentação dos livros O Sonho de Rodolfo e Cores do Alentejo até ao espectáculo da noite, com a casa a rebentar pelas costuras de gente bem disposta.
O dia da inauguração da Feira é sempre especial. Até ao momento em que finalmente baixamos os braços e dizemos "Está pronta" é um sufoco. Depois, chegam os convidados, e as peças do puzzle que fomos criando nos últimos meses começam a encaixar, no lugar certo à hora certa e tudo passa. Desaparecem as dores nas pernas, o cansaço, e a angústia fininha que nos aperta o peito. Começamos a contagem decrescente para o fim que, contra a nossa vontade, inevitavelmente há-de chegar.
Hoje há mais, a não perder:
11h00 - Atelier de reutilização de materiais Reci-criar
16h30 - Apresentação do livro A desilusão de Judas, de António Ganhão, com apresentação do Professor Paulo Godinho.
17h30 - Música ao fim da tarde com Classic Winds Trio
18h30 - Conversas sobre Jazz, com Fátima Mateus Ramos
21h30 - Poemas Cantados, antologia de poemas da literatura portuguesa, com Inês Gonçalves e Horácio Gomes. Participação especial de elementos do público e amigos da poesia que queiram declamar poemas.
O dia da inauguração da Feira é sempre especial. Até ao momento em que finalmente baixamos os braços e dizemos "Está pronta" é um sufoco. Depois, chegam os convidados, e as peças do puzzle que fomos criando nos últimos meses começam a encaixar, no lugar certo à hora certa e tudo passa. Desaparecem as dores nas pernas, o cansaço, e a angústia fininha que nos aperta o peito. Começamos a contagem decrescente para o fim que, contra a nossa vontade, inevitavelmente há-de chegar.
Hoje há mais, a não perder:
11h00 - Atelier de reutilização de materiais Reci-criar
16h30 - Apresentação do livro A desilusão de Judas, de António Ganhão, com apresentação do Professor Paulo Godinho.
17h30 - Música ao fim da tarde com Classic Winds Trio
18h30 - Conversas sobre Jazz, com Fátima Mateus Ramos
21h30 - Poemas Cantados, antologia de poemas da literatura portuguesa, com Inês Gonçalves e Horácio Gomes. Participação especial de elementos do público e amigos da poesia que queiram declamar poemas.
sábado, 21 de abril de 2012
Então, hoje é assim
15:00 - Inauguração
16:30 - Apresentação do livro O sonho de Rodolfo
18:00 - Apresentação do livro Cores do Alentejo
21:30 - Commedia a la carte
16:30 - Apresentação do livro O sonho de Rodolfo
18:00 - Apresentação do livro Cores do Alentejo
21:30 - Commedia a la carte
sexta-feira, 20 de abril de 2012
A pedido de várias famílias
Especialmente da minha amiga Dália, e já que estou em onda de resumos, fica apenas uma frase:
E o Sporting é o nosso grande amor!!!
É mais ou menos como estava a minha casa ontem à noite.
E o Sporting é o nosso grande amor!!!
É mais ou menos como estava a minha casa ontem à noite.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Programa da 32ª Feira do Livro de Moura
32ª Feira do Livro de Moura
Sábado, 21 de Abril
14:00 Animação de rua pela Associação do Imaginário
15:00 Inauguração da Feira. Apresentação da iniciativa Bookcrossing
16:30 Apresentação do livro O sonho de Rodolfo
18:00 Apresentação do livro Cores do Alentejo de D. Jacinta Oliveira Pinto
21:30 Espectáculo de humor com Commedia a la Carte
Domingo, 22 de Abril
11:00 Reci-criar - Workshop de reaproveitamento de materiais usados para criação de novas peças
16:00 Apresentação do livro A desilusão de Judas de António Ganhão
17:30 Música ao fim da tarde com Classic winds Trio
18:30 Conversas com Jazz, com Fátima Mateus Ramos
21:30 Poemas cantados - Antologia de canções da literatura e poemas do mundo
Segunda, 23 de Abril | Dia Mundial do Livro
Visitas das escolas
18:00 Apresentação do livro Os cães e eu da autoria de Armando Rosa da Silva (1º volume da colecção Escrito na Cal, textos de autores mourenses)
Terça, 24 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Música ao fim da tarde: Boranimar
Quarta, 25 de Abril
11:00 Atelier de Introdução à Aromaterapia
16:00 Apresentação do livro O rapaz que queria fazer o melhor bolo de chocolate do mundo de Maria Margarida Mendes
17:30 Apresentação do livro O tamanho das nossas vidas de Filipe Chinita
21:30 Fados d'Alma, com Inês Gonçalves
Quinta, 26 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Música ao fim da tarde com Blackout
Sexta, 27 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Oficina de Gigabombos, com a Associação Do Imaginário
21:30 Espectáculo musical A chave, com Rogério Charraz
Sábado, 28 de Abril
11:00 Apresentação do livro A girafa Maria de Alexandra Graça e Hora do Conto especial, baseada no livro
16:00 Teatro infantil A ilha do paraíso, pelo Teatro do Bocage
18:00 Apresentação do livro Semana Santa - Endoenças em Safara de José António Correia
21:30 Apresentação do livro Sonhar ao longe escrito por Jorge Serafim e ilustrado por José Francisco. Serão de contos com Jorge Serafim.
Domingo, 29 de Abril
11:00 Atelier de Introdução ao Feng Shui
16:00 Teatro infantil: O elefante não entra na jogada, pela Companhia do Jogo
18:00 Atelier: O poder do chá
21:30 Teatro: Retábulo do Mestre Pedro e D. Quixote, Associação Do Imaginário
Segunda, 30 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Apresentação da Revista Itinerante
21:30 Espectáculo musical com Raízes do Sul
Terça, 01 de Maio
16:30 Animação de rua pela Associação do Imaginário
17:30 Cerimónia de entrega de diplomas aos Padrinhos de Leitura
Durante a Feira decorrerão as seguintes actividades:
No recinto da feira
Dias úteis, das 9h30 às 17h00 - Programa de recepção às Escolas, com a actividade “A menina que detestava livros”;
Horário da feira, excepto durante os espectáculos - Espaço da Ludoteca
24 e 27 de Abril | 10:00 - Ateliers Experimenta Energia
Fora do Recinto da Feira
Bookcrossing
Exposição Encantamentos, fotografia e poemas de O Maltês com a participação de Ana v, no Espaço Multiusos INOVINTER (Rua Miguel Bombarda)
Exposição Semana Santa - Endoenças em Safara, na Sala Multiusos do Centro Internet de Moura (Adega da Mantana)
terça-feira, 17 de abril de 2012
Mas o jornalista que escreveu este título deve ser um deles
Desistências de alunos de estudar são em número habitual
Isto deve ser alguma estratégia de distracção, para não pensarmos bem na verdadeira burrice, que é a política educativa que está a ser anunciada. Turmas ainda maiores? Turmas de burros e turmas de meninos inteligentes? Quem, senhores, quem é que aceita ficar com os "alunos com mais dificuldades"? Vão ser ainda mais abandonados.
O que nos leva de novo à notícia. Realmente, os alunos não abandonam a escola, a escola é que os está a abandonar.
domingo, 15 de abril de 2012
Hora
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, 14 de abril de 2012
Açúcar Amarelo
Nota: Por coincidência, este é post nº 1501, o que dá uma média exacta de 500 posts por ano, lidos por mais de 220 000 visitantes. Obrigada a todos.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
61?
O Expresso publicou o ranking do Wall Street Journal sobre as 200 melhores profissões. Aparentemente estou em 61º lugar.
Porém... no 2º lugar está uma coisa incompreensível. Ainda pensei que fosse contabilista, mas não é, porque esse aparece mais à frente. Se bem que Oftalmologista aparece em 12º e depois volta a aparecer em 44º, igualzinho.
Xiiii... se eu soubesse... tinha sido quiropodóloga, andava felicíssima a tirar verrugas dos pés dos outros e a tratar pé de atleta (fui confirmar ao google, às vezes podia estar enganada), e agora tinha a 24ª melhor profissão do mundo! Com o devido respeito, claro.
Porém... no 2º lugar está uma coisa incompreensível. Ainda pensei que fosse contabilista, mas não é, porque esse aparece mais à frente. Se bem que Oftalmologista aparece em 12º e depois volta a aparecer em 44º, igualzinho.
Xiiii... se eu soubesse... tinha sido quiropodóloga, andava felicíssima a tirar verrugas dos pés dos outros e a tratar pé de atleta (fui confirmar ao google, às vezes podia estar enganada), e agora tinha a 24ª melhor profissão do mundo! Com o devido respeito, claro.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
E se...
E se o mundo estiver outra vez à minha frente? E se ainda puder ser e fazer o que esperava? E se tudo ainda for possível?
Ai... que saudades tinha de ouvir o Oceano Pacífico.
Ai... que saudades tinha de ouvir o Oceano Pacífico.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Opções
Acho que vou começar a pautar o meu consumo na cidade de Moura pela lista de entidades que aderiram à iniciativa dos Padrinhos de Leitura. Afinal de contas, quem nega a possibilidade, dedutível em IRS de apoiar os hábitos de leitura das nossas crianças e contribuir activamente para uma sociedade mais informada e esclarecida, continuará a merecer a minha preferência? Quando eles preferem virar as costas à leitura, legitimam a minha opção de virar as costas aos seus produtos e serviços, correcto?
Assim, sem identificar ninguém, porque seria falta de ética, há supermercados com milhões de lucros anuais e sede fiscal em países estrangeiros onde vou evitar ir. Não sou muito frequentadora de bares e restaurantes, mas quando o faço, tenciono ser selectiva. Também tenho sempre a possibilidade de ler jornais online em vez de os comprar. Em contrapartida, acabo de decidir qual é a minha farmácia preferida, o meu supermercado preferido, a minha pastelaria preferida, o dentista, a loja de informática, a companhia de seguros, etc. Também posso aconselhar quem nos visita: Compre azeite deste, prove este pão, vá dar uma voltinha de barco na barragem, volte para almoçar aqui, coisas desse género.
Ainda bem que este é um blogue pessoal onde posso dizer tudo o que me vem à cabeça. Por isso vou dizer só mais uma coisinha: A crise que anda por aí chegou para todos, mas atinge com mais força os mais frágeis. Porém, são esses que continuam a demonstrar maior generosidade e solidariedade. Quanto aos outros... passem bem.
Assim, sem identificar ninguém, porque seria falta de ética, há supermercados com milhões de lucros anuais e sede fiscal em países estrangeiros onde vou evitar ir. Não sou muito frequentadora de bares e restaurantes, mas quando o faço, tenciono ser selectiva. Também tenho sempre a possibilidade de ler jornais online em vez de os comprar. Em contrapartida, acabo de decidir qual é a minha farmácia preferida, o meu supermercado preferido, a minha pastelaria preferida, o dentista, a loja de informática, a companhia de seguros, etc. Também posso aconselhar quem nos visita: Compre azeite deste, prove este pão, vá dar uma voltinha de barco na barragem, volte para almoçar aqui, coisas desse género.
Ainda bem que este é um blogue pessoal onde posso dizer tudo o que me vem à cabeça. Por isso vou dizer só mais uma coisinha: A crise que anda por aí chegou para todos, mas atinge com mais força os mais frágeis. Porém, são esses que continuam a demonstrar maior generosidade e solidariedade. Quanto aos outros... passem bem.
Tiram-me do sério
Se ouço mais um benfiquista dizer que acabámos de oferecer o campeonato ao Porto, juro que tenho uma apoplexia.
Estão a brincar com quem? Era suposto perdermos o jogo só para vos fazer o jeitinho? Então porque é que vocês não ganharam ao Porto? Para fazerem o jeitinho a quem? Não pensaram nessa altura que os 3 pontos vos haveriam de fazer falta? E os 3 pontos que deixaram em Guimarães, não contaram para as contas do campeonato? E com a Académica? E em Olhão?
Esta era a 26ª jornada. Se são assim tão bestiais, ontem, antes do jogo, deveriam ter 75 pontos. Só tinham 59, o que fizeram aos outros 16? E a culpa é nossa?
Ainda me lembro de ouvir o JJ dizer do alto da sua arrogância, após a derrota em Guimarães, que não tinha nada com que se preocupar, quem tinha que estar preocupado era quem vinha atrás. Então força! Continuem assim que vão no bom caminho.
Agora vêm inundar as televisões com queixas sobre a arbitragem? Mas há algum clube que tenha mais queixas da arbitragem nesta época do que o Sporting? Até deviam ter pudor em tocar nesse assunto.
O Sporting fez o que lhe competia. Jogou para ganhar, como devia fazer sempre, como tem vindo a fazer nos últimos tempos. Recuperou uma posição na tabela. Optou por lutar, em vez de vir choramingar para os jornais, para as televisões, para a rua, para os supermercados e cafés, lamentar-se das equipas que nos ganharam em jogos absolutamente imperdoáveis, com o argumento de que estavam a favorecer o Marítimo...
Assumam a derrota, pá! Só vos fica bem. Eu sei que estou a ser repetitiva, mas tenho de ir buscar outra vez o meu chavão preferido. Quem não sabe perder não é digno de ganhar.
Nota: Respondo já aos comentadores que vão ficar muito indignados por eu estar a falar do benfica. Tenho tanto direito a falar e opinar sobre o vosso clube como vocês têm para falar do nosso. Uma vez que vocês desde ontem à noite, não falam de outra coisa a não ser da nossa vitória, do jogo que fizémos e do nosso percurso, não tenho outra solução a não ser responder-vos. Tenho bom coração, não quero que se sintam abandonados.
Saudações leoninas.
Também publicado aqui.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Ainda têm a barriguinha cheia da Páscoa?
Então tomem lá: Os trabalhadores da função pública contratados a termo certo vão deixar de ter direito à compensação em caso de despedimento pela entidade empregadora, que deixa de ser obrigada a comunicar atempadamente a sua intenção de despedir.
Mai nada! Mais meia dúzia de cartuchos e já não deve restar nenhum português para contar a história. Vai uma água de Castello?
Mai nada! Mais meia dúzia de cartuchos e já não deve restar nenhum português para contar a história. Vai uma água de Castello?
Ser ou não ser... utilizador de uma biblioteca
- Sim, bom dia.
- É da Bibloteca?
- É sim.
- Olhe, faz favo de me desriscar. 'Tou farta de receber cartas, nã quero que me deiam os parabéns. Já nem sequer moro nessa casa.
- Então, mas não precisa de anular a sua inscrição, nós podemos alterar a morada.
- Não! Nã quero! Quero-me desriscar. Desrisque-me! 'Tou desempregada, nã tenho denheiro e tem que andar gastando com isto!!!
- Pronto, minha senhora, vamos anular a sua inscrição, diga-me só como é que se chama...
- *****. É pa me desriscar já, senã faço quexa na GNR!
Nota: Só por curiosidade, trata-se de uma jovem com 24 anos.
- É da Bibloteca?
- É sim.
- Olhe, faz favo de me desriscar. 'Tou farta de receber cartas, nã quero que me deiam os parabéns. Já nem sequer moro nessa casa.
- Então, mas não precisa de anular a sua inscrição, nós podemos alterar a morada.
- Não! Nã quero! Quero-me desriscar. Desrisque-me! 'Tou desempregada, nã tenho denheiro e tem que andar gastando com isto!!!
- Pronto, minha senhora, vamos anular a sua inscrição, diga-me só como é que se chama...
- *****. É pa me desriscar já, senã faço quexa na GNR!
Nota: Só por curiosidade, trata-se de uma jovem com 24 anos.
domingo, 8 de abril de 2012
Esquecimentos
Nestas iniciativas, devemos sempre colaborar. Pela minha parte, enquanto alentejana, vou retribuir a atenção e esquecer que existe o Danacol.
sábado, 7 de abril de 2012
A sério?
Isto é efeito do (des)acordo ortográfico ou é só incompetência e desleixo?
No Público online de hoje |
Mas a mais parva das notícias parvas, é esta:
S. Pedro vergado pela Troika porque neva pouco em Abril? A sério?
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Um país
Texto de Isabel do
Carmo, retirado do Facebook.
O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa.
Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.
Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um ' balão' na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas".
Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem - comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).
Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa".
E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".
Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.
Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame.
Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.
Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.
O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa.
Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.
Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um ' balão' na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas".
Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem - comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).
Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa".
E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".
Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.
Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame.
Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.
Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Feira do Livro 2012
32ª Feira do Livro de Moura
Sábado, 21 de Abril
15:00 Inauguração da Feira. Apresentação da iniciativa Bookcrossing
16:30 Apresentação do livro "O sonho de Rodolfo"
18:00 Apresentação do livro Cores do Alentejo de D. Jacinta Oliveira Pinto
21:30 Espectáculo de humor com Commedia a la Carte
Domingo, 22 de Abril
11:00 Reci-criar - Workshop de reaproveitamento de materiais usados para criação de novas peças
16:30 Apresentação do livro A desilusão de Judas de António Ganhão
18h00 Música ao fim da tarde: Classic winds Trio
21:30 Poemas cantados - Antologia de canções de Abril
Segunda, 23 de Abril | Dia Mundial do Livro
Visitas das escolas
18:00 Apresentação do 1º volume da colecção Escrito na Cal, textos de autores mourenses: Eu e os cães da autoria de Armando Rosa da Silva
Terça, 24 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Música ao fim da tarde: Bora animar
Quarta, 25 de Abril
11:00 Atelier de Introdução à Aromaterapia
16:00 Apresentação do livro O rapaz que queria fazer o melhor bolo de chocolate do mundo de Maria Margarida Mendes
17:30 Apresentação do livro O tamanho das nossas vidas de Filipe Chinita
21:30 Fados d'Alma, com Inês Gonçalves
Quinta, 26 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Música ao fim da tarde: Blackout
Sexta, 27 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Oficina de Gigabombos, com a Associação Do Imaginário (a confirmar)
21:30 A chave, Rogério Charraz
Sábado, 28 de Abril
11:00 Oficina de Jazz
16:00 Teatro infantil A ilha do paraíso
18:00 Apresentação do livro "As endoenças de Safara" de José António Correia
21:30 Apresentação do livro Sonhar ao longe de Jorge Serafim, e Serão de contos
Domingo, 29 de Abril
11:00 Atelier de Introdução ao Feng Shui
16:00 Teatro infantil: O elefante não entra na jogada
18:00 Atelier: O poder do chá
21:30 Teatro: Retábulo do Mestre Pedro e D. Quixote, Associação Do Imaginário (a confirmar)
Segunda, 30 de Abril
Visitas das escolas
18:00 Apresentação da Revista Itinerante
21:30 Espectáculo musical com Raízes do Sul
Terça, 01 de Maio
11:00 Oficina de Gigabombos, com a Associação Do Imaginário (a confirmar)
17:30 Cerimónia de entrega de diplomas aos Padrinhos de Leitura
Durante a Feira do Livro estará disponível como habitualmente o programa de recepção às Escolas, com a actividade “A menina que detestava livros” e o espaço da Ludoteca.
Aos fins-de-semana haverá animação de rua pela Associação do Imaginário."
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Amanhã...
... chega o programa da 32ª Feira do Livro de Moura.
Para já, estão todos convidados para a inauguração, no dia 21 de Abril, às 15h00, no Espaço Sheherazade.
Para já, estão todos convidados para a inauguração, no dia 21 de Abril, às 15h00, no Espaço Sheherazade.
terça-feira, 3 de abril de 2012
...
Dizem que a melhor solução para quem está perdido é caminhar sempre em frente. Algum dia se há-de chegar a algum lugar, de onde se possa partir em busca do lugar onde queremos chegar.
É o que estou a tentar, caminhar em frente, porque isto que eu estou a fazer agora não se parece nada com o que eu devia estar a fazer.
É o que estou a tentar, caminhar em frente, porque isto que eu estou a fazer agora não se parece nada com o que eu devia estar a fazer.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
domingo, 1 de abril de 2012
Amanhã é o Dia Internacional do Livro Infantil
Rua Serpa Pinto, Moura, anos 80. A minha casa era mais ou menos a meio da rua, do lado esquerdo. |
Na casa onde vivi até aos meus 12 anos, as paredes eram muito grossas. No
vão criado para que se abrissem as janelas, o meu pai pôs um banquinho de
madeira para onde nós subíamos, especialmente na janela da sala, que era a mais
alta. Eu utilizava esse recanto para ler. Sentava-me no banquinho, encostada
àquela zona onde a parede era mais fina, e abrigada pelo cortinado, isolava-me
do mundo.
Num desses muitos dias, já perto da hora do almoço, estava a
acabar de ler um livro. A três ou quatro páginas do fim, ouço a voz da minha
mãe, lá ao fundo do corredor.
- Zélia, vem almoçar!
- Vou já, mãe!
Três páginas para o fim, ninguém me tira daqui enquanto não
acabar o livro. Acelerei o passo dos meus olhos, da esquerda para a direita, da
esquerda para a direita, cinco linhas, quatro linhas, três linhas, a ponta do
polegar e do indicador já nervosas ao canto da página, prontas para a virar
assim que os meus olhos terminassem o percurso. Penúltima linha, última linha,
guarda bem a última palavra, vai fazer-te falta para continuares a história e
zás! Os dedos passam a página, a mão estende-se sobre ela. Os olhos retomam o caminho,
como um carro a aquecer o motor. Primeira linha, segunda, terceira, já estou
em velocidade cruzeiro. Da esquerda para a direita, da esquerda para a direita,
vou devorando as linhas sem saborear convenientemente as palavras e outra vez a
voz da minha mãe.
- Zélia!
- Estou a acabar, vou já.
Sei que ainda tenho algum tempo. Enquanto devoro palavras
imagino a minha mãe a sentar-se calmamente à mesa, enquanto o meu pai corta
aquelas fatias de pão finas e certinhas que só saem das mãos dele. Na rua passam pessoas, tagarelam, nem imaginam que eu estou a ler ali, naquele ponto da rua, do lado de lá, onde a parede é mais fina por causa da janela.
Os olhos já
se levantam para a outra página, recomeçam o caminho, a mão direita já se vai
aproximando devagarinho do canto da folha. A última folha. A minha mãe está a
esta hora a distribuir a comida pelos pratos e a minha irmã a pegar nos talheres. Outra
vez a contagem decrescente, seis linhas, cinco linhas, quatro linhas. Outra vez
os nervos miudinhos na ponta dos dedos e outra vez a última palavra. Viro a
folha, que desilusão… nem meia página para ler e aquela palavra irritante já a
dançar à frente dos meus olhos: “FIM”.
Volto à primeira linha, sei que estou a esticar
a corda, não tenho tempo de me insurgir contra o fim dos livros. Os olhos vão
agora menos depressa. Já sinto saudades e nem vou ter tempo de pensar no livro,
fazer-lhe aquela espécie de luto, porque tenho de ir a correr almoçar.
Finalmente a última linha. Pensarei no livro durante o
almoço. Enquanto o resto da família estiver à conversa eu ficarei sossegadinha a digerir o
que acabei de ler. Fecho o livro e pouso-o no banco, a mão direita já se
encaminha para abrir o cortinado. Mas ele abre-se sozinho. À minha frente está
o meu pai.
- Não ouviste chamar?
Na verdade, passei o almoço calada, mas não estava a pensar no livro. Estava amuada
com o incentivo de uma bela palmada a que não consegui escapar. Tudo tem um preço… ;)
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