Açúcar Amarelo: Infeliz

domingo, 13 de novembro de 2011

Infeliz

Também não gosto de si. Nunca gostei, na realidade. Sempre o achei um parasita que corre o mundo pendurado da Selecção. O mais grave é que a Selecção Nacional é sustentada por todos os contribuintes portugueses e por todos os clubes, incluindo os Sportinguistas e o Sporting Clube de Portugal.

Agora que já declarou a sua imparcialidade e falta de vergonha, espero que a Federação se esqueça de si no aeroporto na próxima deslocação.

Ah, já me esquecia. O melhor jogador português de sempre é o Cristiano Ronaldo, contra factos não há argumentos. E a seguir creio que é o modesto e discreto Pauleta.

6 comentários:

mfc13/11/11, 21:40
Ele não insultou o Sporting.
Ele caracterizou a massa dirigente do Sporting naquela altura.
Lisboa era uma cidade politizada por excelência e o vermelho atraía as pessoas que eram contra o regime.
A HIstória não se reinventa. A Hístória é composta por factos que devemos interpretar sem paixão.

Um abraço amigo
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Anónimo13/11/11, 23:22
O Pauleta?!?!?!? Ó Zélia...

Zé Gonçalo
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babao14/11/11, 00:08
Ora aqui esta um post VERDE DE RAIVA : )

...Pssst !? Coma umas colheradas de açucar qu'isso passa ; )

SLB, SLB, SLB...GLORIOSO SLB, la, la, la....
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Zélia Parreira14/11/11, 12:31
Ena tantos...

@mfc: Por acaso o Benfica e o Eusébio foram instrumentos do regime vigente (como a Amália e Fátima, em campos diferentes) para anestesiar e distrair o povo. A frase de Eusébio, por outro lado, está no presente e ele é indiscutivelmente uma figura de âmbito nacional, devia pensar melhor antes de dizer estas coisas.

Zé: Eu sei que ando numa onda de métodos qualitativos, mas estatísticas são estatísticas. :)

Babao: Quem não se sente não é filho de boa gente. Fiquei mesmo aborrecida. É este género de atitudes que me afasta do Benfica... tanta gente boa que conheço e que é benfiquista e a representar o clube põem estes cromos!

Os nossos cromos pelo menos são mais divertidos, como o Futre, por exemplo...
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Zélia Parreira14/11/11, 22:51
Acho piada às reacções que tive sobre este post (as que aqui estão e outras). Tal como o Eusébio, tenho o direito de gostar ou não de muita coisa, mesmo quando me atrevo a não gostar de dogmas. Desçam à terra, não faz mal nenhum andar entre os mortais.
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Anónimo25/11/11, 16:31
... não tome o Futre por cromo, ... há muita gente que goza com ele por causa dos chineses, veja o fenómeno Yao Ming da NBA (investimentos chineses, charters, publicidade, financiamento de empresas chinesas à NBA, transmissões televisivas, merchandising desportivo na china, etc etc) . Anunciou a retirada e o dinheiro chinês que corria caminho dos USA parou e neste momento a NBA está em crise ... falta dinheiro e há uma guerra entre donos dos clubes e atletas ... até é provável que não haja NBA este ano ...
... para mim o Futre não é assim tão cromo, nós é que somos uns cinzentões ...

LT
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Açúcar Amarelo

Primeiro, era a viagem de carro. Curvas e mais curvas no carocha amarelo que o meu pai comprou em 1976. Ao princípio, apenas eu e a minha irmã Marta no banco de trás, depois com a Sara e a Patrícia aninhadas entre nós as duas.

Quando chegávamos a Brinches, íamos logo ter a casa da minha avó. Ficava na rua da entrada, perto de uma igreja, e da Escola onde a minha irmã ainda frequentou a tele-escola naqueles meses inseguros de 1974.

Entrávamos sempre pelo quintal, que fazia uma espécie de corredor ao longo da casa e terminava num pátio, aconchegado pela sombra de uma parreira. Lembro-me de passar aí muitas horas, a conversar e sobretudo, a ouvir as conversas dos “grandes”. O meu avô gostava de fazer aí a barba, com uma bacia e um espelho rectangular pendurado no tronco da parreira.

Entrávamos em casa pela cozinha. Ele aí está, o cheiro da casa da minha avó. Cheira a nós, à nossa vida. Cheira a barro cheio de água fresca e a comida a acabar de cozinhar no fogão. Cheira a taipa e a cal.

Da cozinha passávamos para a casa de jantar, que era também a entrada de casa pela porta principal, e daí para os dois quartos. Na cozinha estava também a porta para a despensa, a minha divisão preferida da casa. Como me parecia enorme aquela despensa… Sempre na penumbra, era ali que se guardava tudo. O cântaro do azeite e a conserva das azeitonas, o queijo de cabra sequinho, as mercearias, os chocolates que a minha avó escondia apenas para que levasse algum tempo a encontrá-los e comê-los às escondidas. E era ali que guardava os pacotes de papel pardo com açúcar amarelo. Às vezes, havia dois pacotes. Era sinal que um deles era para nós trazermos para Moura.

Quando o açúcar se acabava, ia com a minha avó à rua que ia dar ao vale, à loja do vizinho Lico. Outra vez o cheiro. Cheirava a linguiça e a queijo, ao feijão e grão ensacados, a café, a farinha, a sabão azul e branco, a cera vendida a peso, a tudo o que a minha imaginação alcançava.

Do lado direito da porta, encostada à parede, estava a saca do açúcar amarelo, com a colher de latão, para encher os pacotes de ¼ e ½ quilo que as mulheres iam comprar. Eu ia sempre ver quando o vizinho Lico enchia o pacote, na esperança de que viessem muitos torrões, que eu adorava comer à socapa.

Às vezes, na volta, e quando a minha avó estava bem-disposta, passávamos pela casa de uma vizinha, ao lado do posto da GNR, para comprar pirolitos. Eram chupa-chupas caseiros feitos com água, açúcar e mel, com a forma de um cone muito esguio. Havia de vários tamanhos e eu levava sempre muito tempo a decidir quais os que queria. Os grandes eram tão bons, mas só podia comprar um ou dois. Dos pequenos podia comprar mais, mas acabavam-se num instante…

Basta-me fechar os olhos. Saborear o açúcar amarelo a desfazer-se numa chávena de café ou a envolver uma fatia dourada. Tudo volta: O carocha amarelo, a luz do dia no quintal da minha avó, a voz do meu avô, a sombra da parreira, o cheiro da despensa. Nós ainda somos pequeninas, a vida está à nossa frente e tudo, absolutamente tudo, é possível.

domingo, 13 de novembro de 2011

Infeliz

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