... é ter a campainha avariada na noite de 31 de Outubro. Mas que parvoíce é esta? Vão mas é para casa, 'arretalhar' as castanhas para assar amanhã. Isso sim, é tradição.
Sabem o que é isto? Falta de identidade cultural. Acabamos com os nossos feriados para importar os dos outros, de preferência com umas compras pelo meio. Somos tão parvos!
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Carlos Campaniço
Um dos leitores mais "irreverentes" que esta biblioteca já teve vê agora o seu trabalho merecidamente reconhecido como escritor. Parabéns!
O romance original “Os demónios de Álvaro Cobra”, da autoria de Carlos Campaniço, venceu o Prémio Literário Cidade de Almada 2012. O galardão foi atribuído esta quinta-feira, 25 de outubro, no Fórum Municipal Romeu Correia – Auditório Fernando Lopes-Graça.
Retirado de: Rádio Planície
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Porque hoje é dia de jogo
«O futebol não tem interesse só pelo jogo. Quando o Sporting perde não tem interesse nenhum»
Manuel António Pina (1943-2012)
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Francisco José Viegas
Francisco José Viegas sai do Governo.
Prefiro falar apenas do que sei. A fusão entre a Direcção-geral dos Arquivos e a Direcção-geral do Livro e das Bibliotecas não é o ideal e parece-me até um retrocesso no longo caminho da distinção de papeis. Porém, antes a fusão do que a mais que anunciada extinção.
Francisco José Viegas defendeu como pôde as bibliotecas. Poderá ter feito muito pouco ou nada para o seu crescimento e desenvolvimento, mas não contribuiu de forma nenhuma para a sua destruição, coisa que parece ser uma proeza para um membro deste governo. Só por isso, muito obrigada. Deu ao acordo ortográfico a importância que ele merecia - nenhuma - chegando mesmo a ridicularizar os papões da sua aplicação.
Discretamente, sem afrontar ninguém, demarca-se e sai do governo. É certo que quase ninguém ouvia falar dele, mas é preciso ver o contexto. Todos os coleguinhas fazem questão de aparecer regularmente a debitar asneiras, pelo que a sua opção pelo silêncio adquire para mim outro valor.
Posto isto, desejo-lhe a melhor recuperação possível, a nível físico e mental, porque estar metido no meio daquele "grupo" deve ser de doidos. Espero vê-lo de volta rapidamente por aqui.
Prefiro falar apenas do que sei. A fusão entre a Direcção-geral dos Arquivos e a Direcção-geral do Livro e das Bibliotecas não é o ideal e parece-me até um retrocesso no longo caminho da distinção de papeis. Porém, antes a fusão do que a mais que anunciada extinção.
Francisco José Viegas defendeu como pôde as bibliotecas. Poderá ter feito muito pouco ou nada para o seu crescimento e desenvolvimento, mas não contribuiu de forma nenhuma para a sua destruição, coisa que parece ser uma proeza para um membro deste governo. Só por isso, muito obrigada. Deu ao acordo ortográfico a importância que ele merecia - nenhuma - chegando mesmo a ridicularizar os papões da sua aplicação.
Discretamente, sem afrontar ninguém, demarca-se e sai do governo. É certo que quase ninguém ouvia falar dele, mas é preciso ver o contexto. Todos os coleguinhas fazem questão de aparecer regularmente a debitar asneiras, pelo que a sua opção pelo silêncio adquire para mim outro valor.
Posto isto, desejo-lhe a melhor recuperação possível, a nível físico e mental, porque estar metido no meio daquele "grupo" deve ser de doidos. Espero vê-lo de volta rapidamente por aqui.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Experiência científica
Até gostava de falar sobre o novo plano maquiavélico (coitado do Maquiavel) do governo para retirar 10% ao subsídio de desemprego, mas cada vez que penso no assunto não consigo evitar a vontade de vomitar, por isso vou ficar por aqui.
Será que não fazemos parte de uma experiência científica qualquer, para testar os limites da paciência e da tolerância no ser humano? Só pode ser. Ninguém é tão absolutamente cruel, desprezível e estúpido como a maioria dos nossos governantes querem aparentar. Não é possível, de todo.
Será que não fazemos parte de uma experiência científica qualquer, para testar os limites da paciência e da tolerância no ser humano? Só pode ser. Ninguém é tão absolutamente cruel, desprezível e estúpido como a maioria dos nossos governantes querem aparentar. Não é possível, de todo.
Rigor jornalístico 2
Ainda não se sabe se vai sair, a quem e onde vai sair, mas o jornalista garante que na sexta-feira há um 2º prémio para Portugal.
Desculpem, mas é o que está lá escrito!
Desculpem, mas é o que está lá escrito!
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
A regulamentação legal nas bibliotecas públicas
"A pedido de várias famílias" fica aqui a apresentação de apoio à minha comunicação no 11º Congresso BAD, que decorreu de 18 a 20 de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian.
Uma vez que a temporização era feita por mim à medida que ia expondo os conteúdos, aqui passa-se tudo de forma muito rápida...
Uma vez que a temporização era feita por mim à medida que ia expondo os conteúdos, aqui passa-se tudo de forma muito rápida...
sábado, 20 de outubro de 2012
11º Congresso BAD
O que se diz depois de três dias como estes? O que se diz sobre um Congresso em que nada correu mal, em que a Organização se fez notar pela forma como tudo funcionou tranquilamente e sem sobressaltos? O que se diz sobre três dias de debate, conversa e intensa troca de ideias entre profissionais de uma mesma área, com objectivos comuns e um sentido de missão que, apesar de todos os condicionalismos externos, insiste em manter-se? O que dizer das aprendizagens, das descobertas, das partilhas? E claro, o que dizer das gargalhadas, das confidências, dos reencontros?
Realização profissional, motivação, criatividade, determinação, companheirismo e amizade. Três dias felizes, é o que posso dizer.
Realização profissional, motivação, criatividade, determinação, companheirismo e amizade. Três dias felizes, é o que posso dizer.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Qual África, qual quê!!! Em Cabeço de vide é que é.
Será uma forma de nos chamarem primitivos? Gostei muito da expressão "estudos encomendados pela Junta de Freguesia (...) para perceber o modelo conceptual destas nascentes". Dá um ar mesmo intelectual...
Oh Sr. Relvas, esta freguesia também é para extinguir? É melhor não, que isto agora "vão vir charters" cheios de cientistas...
Oh Sr. Relvas, esta freguesia também é para extinguir? É melhor não, que isto agora "vão vir charters" cheios de cientistas...
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Quando os números começam a ser pessoas
Em Loulé, a cabeça iluminada de uma directora de escola que supostamente estudou psicologia e pedagogia e cidadania e entende o significado de palavras como crise, fome, desespero, proibiu uma criança de cinco anos de almoçar e obrigou-a a ficar sentada ao lado dos colegas enquanto almoçavam, porque os pais não pagaram a mensalidade correspondente até ao dia 9 de Outubro.
Uma das auxiliares ofereceu-se para pagar a refeição do seu bolso, mas a 'Cruela' não autorizou.
Das duas uma. Ou a direcção da escola vive no mesmo universo paralelo onde vivem o Cavaco, o Passos, o Gaspar e o Portas, ou trata-se de um conjunto de seres inqualificáveis e indignos de lidar com crianças.
Parece que, não contentes com a gracinha, reportaram a situação à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Acho bem, mas espero que os membros desta comissão tomem a atitude correcta e de bom senso: Uma recomendação ao Ministério da Educação para que estas pessoas nunca mais voltem a exercer qualquer profissão no ensino, ou já agora, que envolva o relacionamento com qualquer ser humano.
Uma das auxiliares ofereceu-se para pagar a refeição do seu bolso, mas a 'Cruela' não autorizou.
Das duas uma. Ou a direcção da escola vive no mesmo universo paralelo onde vivem o Cavaco, o Passos, o Gaspar e o Portas, ou trata-se de um conjunto de seres inqualificáveis e indignos de lidar com crianças.
Parece que, não contentes com a gracinha, reportaram a situação à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Acho bem, mas espero que os membros desta comissão tomem a atitude correcta e de bom senso: Uma recomendação ao Ministério da Educação para que estas pessoas nunca mais voltem a exercer qualquer profissão no ensino, ou já agora, que envolva o relacionamento com qualquer ser humano.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Núcleo Sportinguista de Moura
Em contagem decrescente
A minha participação mais activa acontece no Sábado, dia 20. Entre as 9h00 e as 10h30 estarei a moderar a sessão 20, subordinada ao tema Profissionais e Instituições, e depois, entre as 11h00 e as 12h30, apresentarei a comunicação "A regulamentação legal das bibliotecas públicas".
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Hoje
Uma boa oportunidade para comprar abaixo do preço habitual em muitos serviços online. A Loja Verde também aderiu ;)
Blá blá blá...
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Para sair da crise: Alternativa 1
- Convém nesta altura avisar os portugueses de que terão de se preparar para pagar muitos impostos no próximo ano. Não concorda, Pedro?
- Oh Vítor, tem toda a razão, eu não diria melhor, muitos impostos... e não vemos outra solução, infelizmente. Não, não vemos outra solução.
- Oh Pedro, mas os portugueses não podem ser sujeitos a tantos sacrifícios, temos de arranjar uma solução.
- Sim, Vítor, mas qual é a solução que propõe?
- Bem, ainda estamos a gastar algum dinheiro com os funcionários públicos... Há muitos que, não só não foram despedidos, como ainda recebem dinheiro que lhes permite alguns luxos, como por exemplo adquirir comida!
- Bem, Vítor, isso é que não podemos permitir. O regabofe acabou. Acabou. Por esta via, ainda me vejo obrigado a dispensar um dos meus vários motoristas, ou pior, deixar de contar com a valiosa colaboração de um ou dois de entre as dezenas, ou mesmo centenas de assessores altamente especializados que enchem os nossos gabinetes, e isso seria uma perda irreparável. Avance com os cortes nos funcionários públicos! Além disso, ainda ficamos com a possibilidade de nomear mais assessores para desempenharem as funções que esses funcionários agora asseguram, o que é sempre uma mais-valia, não é?
- Ok, Pedro assim farei. Primeiro temos de salvar os portugueses, que são um povo tão bom, tão pacífico. Esses funcionários do Estado são uns malvados, é justo que paguem a crise.
Ainda sobre os deputados
Quando se tornam públicas notícias deste género, é natural que as pessoas embarquem facilmente no populismo de querer ver extinta a única forma de representatividade democrática a nível do governo central.
A questão é que o problema não decorre da existência dos deputados, mas sim da gestão danosa dos dinheiros públicos feita por quem tem essa responsabilidade.
A questão é que o problema não decorre da existência dos deputados, mas sim da gestão danosa dos dinheiros públicos feita por quem tem essa responsabilidade.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Sobre a redução do número de deputados
Se fosse eu a dizer, era porque tinha a lição bem estudada e tal... mas afinal há tanta gente por aí a pensar o mesmo do que eu. Transcrevo o que diz André Couto no Delito de Opinião:
Repito o que disse há dias numa conversa de Facebook a este propósito: Experimentem eliminar os deputados todos. Nada como uma ditadurazita para se apreciar devidamente a democracia.
Vamos a factos porque o tema é delicado: "Portugal já tem hoje o menor número de deputados por habitante de todos os países da Europa Ocidental", como bem analisou o nosso Pedro Correia. O discurso desta redução tem duas fontes: a revolta dos cidadãos com os políticos, sendo os deputados o seu principal rosto, e os movimentos antipartidários e anarcas, que vêem nele uma forma fácil de granjear simpatias. O problema da democracia não está no excesso de deputados, está, quanto muito, no excesso de assessores, motoristas e afins, que ganham o mesmo e, em muitos casos, acrescentam pouco. Um razoável número de deputados garante representatividades às minorias, permitindo um melhor e mais variado debate e expressão de opiniões e sensibilidades não dominantes ou alinhadas. A generalidade dos que defendem a redução do número de deputados ignora que essa seria a melhor forma de perpetuar aquilo que querem combater com essa opinião.
O facto de o PS trazer esta questão a debate assusta-me. Uma medida destas não faz parte da sua espinha dorsal ideológica. O PS defende a pluralidade de opinião e o garante das diversas formas de expressão. Limitar o número de deputados é limitar a voz a outras forças políticas e evitar que novas possam surgir. É secar o debate político e a troca de ideias e fazer com que fique insuportavelmente redondo.
Quantas mais análises faço a qual terá sido o motivo desta iniciativa, pior. Se o objectivo foi o perpetuar do centrão no poder, numa fase em que PS e PSD se sentem ameaçados pelas ruas e pelas sondagens, é lamentável que se esteja a tentar contornar a previsível vontade popular desta forma. Se for uma jogada política para criar conflitos entre PSD e CDS, uma vez que é sabida a dissonância entre ambos quanto a esta questão, preocupa-me que a liderança do PS abdique do seu pensamento para gerar um arrufo, por tacticismo puro. Criar este novo sound bite, lançando este debate profundo na semana em que o Governo anunciou o maior assalto fiscal da história da democracia portuguesa, é um valente tiro nos pés. Nem votos renderá porque, nesta altura, as pessoas estão iradas com as medidas que não pensam em mais nada que não seja o combate às mesmas.
PS. Faria bem mais sentido que o PS desse cobertura ao sentimento popular abrindo a Assembleia da República à possibilidade de candidaturas de movimentos de cidadãos, algo expressamente vedado pela Constituição. Isso sim seria liderar a reforma da nossa democracia e abraçar a sensibilidade e a descrença das pessoas.
Repito o que disse há dias numa conversa de Facebook a este propósito: Experimentem eliminar os deputados todos. Nada como uma ditadurazita para se apreciar devidamente a democracia.
Em coma e outros estados menos conscientes
O meu Sporting anda a abusar na anestesia e eu já estou quase em coma. Vai daí, neste estado semi-letárgico e nebuloso que é a "quase inconsciência", ouvi falar do Presidente da República, que deve ser do Belenenses ou do Boavista, porque já está em estado pré-comatoso há imenso tempo.
Diz ele que está preocupado com a situação económica do país, que acha que os empresários vão passar um mau bocado e que o povo está descontente e até já se manifesta nas ruas.
Ora, vê-se logo que o meu "quase coma" é muito mais recente, ou muito mais leve, porque apesar de ocupar algum tempo da minha vida a ouvir relatos de futebol, até eu - pobre ignorante que não é licenciada em economia - tenho a consciência de que os empresários estão condenados (except the big ones), que o país está moribundo e que a população está sufocada há muito tempo e a dar sinais cada vez mais óbvios de uma revolta que acabará por estalar.
Talvez porque a minha formação de base seja História, parece-me - mas isto é só uma opinião insignificante - que as grandes crises só se ultrapassaram com:
Diz ele que está preocupado com a situação económica do país, que acha que os empresários vão passar um mau bocado e que o povo está descontente e até já se manifesta nas ruas.
Ora, vê-se logo que o meu "quase coma" é muito mais recente, ou muito mais leve, porque apesar de ocupar algum tempo da minha vida a ouvir relatos de futebol, até eu - pobre ignorante que não é licenciada em economia - tenho a consciência de que os empresários estão condenados (except the big ones), que o país está moribundo e que a população está sufocada há muito tempo e a dar sinais cada vez mais óbvios de uma revolta que acabará por estalar.
Talvez porque a minha formação de base seja História, parece-me - mas isto é só uma opinião insignificante - que as grandes crises só se ultrapassaram com:
- Mudanças estruturais no governo do país
- Investimento e produção
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
O estado da Nação.
Esta é a mesma República cujo centenário foi celebrado há apenas 2 anos, com pompa, circunstância e muitos, muitos milhares de euros. Os mesmos que a enalteceram há apenas 731 dias, olham agora embevecidos para a bela porcaria que estão a fazer.
Há detalhes que dizem tudo, e há imagens que valem mais do que os milhões de palavras que têm sido ditas e escritas sobre o estado a que chegou este país: De pernas para o ar, e com os culpados todos a assistirem de camarote. Todos não. Os mais covardes fugiram para Paris, ou para Bruxelas, ou para... (onde é que ele se escondeu hoje?) ah, pois, Bratislava.
Sobre ontem. E hoje. E provavelmente Domingo.
Entra-me nestas alturas uma espécie de anestesia que não sei explicar. É inversamente proporcional à forma entusiasta (doentia, dirão alguns dos meus amigos) de acompanhar habitualmente o Sporting.
Ontem foi um dia cão, por razões não futebolísticas. Por isso, atrasei-me a ligar o telemóvel. Disse à amiga que estava comigo, "Vou mas é ouvir o meu Sporting, já está a jogar e eu hoje preciso de conforto". Pensei que não tinha ouvido bem. 2-0? Naaaa. É brincadeirinha dos senhores da Antena 1, só pode!
"Estes tipos não gramam o Sporting, estão a dizer que já devia estar a perder por 2-0..." Tentei sintonizar a Renascença, não se ouvia nada. TSF, nada. Voltei à Antena 1. 3-0. Desliguei o telemóvel.
"Então, não consegues ouvir?"
"Consigo, estamos a perder por 3-0 com um clube que tem nome de jogos de consola."
E pronto. Entrou a anestesia em acção. Já não temos o Sá Pinto. Tenho muita pena, aqui da minha insignificânica envio-lhe um abraço sentido e grato por tudo o que fez e continuará a fazer pelo Sporting. Um coração de leão não se apaga nunca, apenas se adormece às vezes, nem que seja anestesiado.
Ps: No Domingo prometo ligar o telemóvel a horas.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
616.899
A CDU - Classificação Decimal Universal, que é a tabela de classificação mais utilizada pelas bibliotecas em quase todo o mundo, tem umas coisas muito engraçadas. Vejam só o que é incluído na classificação 616.899 :
Se fosse a versão ilustrada, aposto que trazia uma fotografia do António Borges.
(...)Percepção entorpecida (...) Débil mental. Imbecilidade. Idiotice. Cretinismo.
Se fosse a versão ilustrada, aposto que trazia uma fotografia do António Borges.
Muito estúpidos mesmo!
Não sou especialmente fã de Miguel Sousa Tavares mas parece-me suficientemente bem explicado para que os génios da economia em Portugal possam entender.
YALE, CAMPO DE OURIQUE
Miguel Sousa Tavares (in Expresso, 29/9/2012)
Quando o Governo subiu o IVA de 13 para 23% na restauração, António, temendo as consequências da subida de preços no seu pequeno restaurante de Campo de Ourique, resolveu encaixar ele o aumento, sem o repercutir no preço das refeições. Aguentou até poder, mas mesmo assim a clientela começou a baixar lentamente: parte dela, que lhe assegurava umas trinta refeições ao almoço e metade disso ao jantar, era composta por funcionários públicos, que trabalhavam ali ao lado e cujos salários e subsídios tinham diminuído, com a medida destinada a satisfazer as condições do "ajustamento" da economia.
Quando reparou que Bernardo, um cliente fiel e diário, tinha passado a frequentar os seus almoços apenas três vezes por semana, António tomou aquilo como sinal dos tempos que ai vinham: sem outra alternativa, despediu a ajudante de cozinha, ficando apenas ele e a mulher no serviço de balcão e mesas e, lá dentro, um cozinheiro sem ajudante. Mas a seguir notou que também Carolina e Deolinda, que vinham almoçar umas três vezes por semana, agora vinham apenas uma e pouco mais comiam do que saladas ou ovos mexidos. Em desespero, teve de subir os preços e Eduardo, um reformado cuja pensão tinha diminuído, desapareceu de vez. Foi forçado a cortar drasticamente nas compras a Francisco, o seu fornecedor de peixe, e a atrasar-lhe os pagamentos: com cinco outros restaurantes, seus clientes, na mesma situação, Francisco viu o seu lucro reduzido a zero e optou por fechar a sua pequena empresa e inscrever-se no Fundo de Desemprego.
Mais tarde, quando Gaspar, o ministro das Finanças, anunciou mais um aumento do IRS e declarou que o "ajustamento" não se faria através do consumo interno, também Bernardo desapareceu para sempre e, depois de três meses sentado na sala vazia, dando voltas a cabeça com a mulher e tendo ambos concluído que já era tarde para emigrarem, António tomou a decisão mais triste da sua vida, encerrando o restaurante Esperança de Campo de Ourique e indo os dois engrossar também o rol dos desempregados a conta do Estado.
Apesar de ter gasto parte, agora importante, das suas poupanças de anos a anunciar o trespasse, António não conseguiu que ninguém lhe ficasse com o estabelecimento e não lhe restou alternativa senão entrega-lo ao senhorio Henrique, para não ter de pagar mais rendas. Quando desabou, demolidor, o novo aumento do IMI, já Henrique tinha desistido de conseguir alugar o espaço ou mesmo vender o imóvel: não pagou e deixou que as Finanças lhe levassem o prédio.
Assim se concluiu, neste pequeno microcosmos económico de Campo de Ourique, o processo de "ajustamento" da economia portuguesa: vários trabalhadores reconvertidos a marmita, cinco outros desempregados, duas pequenas empresas encerradas e um senhorio desprovido da sua propriedade.
Nessa altura, Gaspar, Rufus e Selassie deram-se conta, com espanto, de várias coisas que não vinham nos livros: que, apesar de aumentarem sistematicamente a carga fiscal, podia acontecer que a receita do Estado diminuísse; que os sacrifícios sem sentido implicavam mais recessão e a recessão custava mais caro ao Estado, sob a forma de mais subsídios de desemprego a pagar; que uma e outra coisa juntas não tinham permitido, ao contrário das suas previsões, diminuir o défice ou a dívida do Estado; e que o que mantinha o país a funcionar não eram as grandes empresas e grupos económicos protegidos, nem sequer os 7% de empresas exportadoras, mas sim os 93% de empresas dirigidas ao mercado interno, que respondiam pela esmagadora maioria dos empregos e atendiam as necessidades da vida corrente das pessoas comuns.
E, passeando melancolicamente nos jardins de Yale, numa chuvosa manhã de Thanksgiving, Rufus e Selassie deram com um velho cartaz colado a uma parede, desde os tempos da primeira campanha eleitoral de Bill Clinton: "É a economia, estúpidos!".
YALE, CAMPO DE OURIQUE
Miguel Sousa Tavares (in Expresso, 29/9/2012)
Quando o Governo subiu o IVA de 13 para 23% na restauração, António, temendo as consequências da subida de preços no seu pequeno restaurante de Campo de Ourique, resolveu encaixar ele o aumento, sem o repercutir no preço das refeições. Aguentou até poder, mas mesmo assim a clientela começou a baixar lentamente: parte dela, que lhe assegurava umas trinta refeições ao almoço e metade disso ao jantar, era composta por funcionários públicos, que trabalhavam ali ao lado e cujos salários e subsídios tinham diminuído, com a medida destinada a satisfazer as condições do "ajustamento" da economia.
Quando reparou que Bernardo, um cliente fiel e diário, tinha passado a frequentar os seus almoços apenas três vezes por semana, António tomou aquilo como sinal dos tempos que ai vinham: sem outra alternativa, despediu a ajudante de cozinha, ficando apenas ele e a mulher no serviço de balcão e mesas e, lá dentro, um cozinheiro sem ajudante. Mas a seguir notou que também Carolina e Deolinda, que vinham almoçar umas três vezes por semana, agora vinham apenas uma e pouco mais comiam do que saladas ou ovos mexidos. Em desespero, teve de subir os preços e Eduardo, um reformado cuja pensão tinha diminuído, desapareceu de vez. Foi forçado a cortar drasticamente nas compras a Francisco, o seu fornecedor de peixe, e a atrasar-lhe os pagamentos: com cinco outros restaurantes, seus clientes, na mesma situação, Francisco viu o seu lucro reduzido a zero e optou por fechar a sua pequena empresa e inscrever-se no Fundo de Desemprego.
Mais tarde, quando Gaspar, o ministro das Finanças, anunciou mais um aumento do IRS e declarou que o "ajustamento" não se faria através do consumo interno, também Bernardo desapareceu para sempre e, depois de três meses sentado na sala vazia, dando voltas a cabeça com a mulher e tendo ambos concluído que já era tarde para emigrarem, António tomou a decisão mais triste da sua vida, encerrando o restaurante Esperança de Campo de Ourique e indo os dois engrossar também o rol dos desempregados a conta do Estado.
Apesar de ter gasto parte, agora importante, das suas poupanças de anos a anunciar o trespasse, António não conseguiu que ninguém lhe ficasse com o estabelecimento e não lhe restou alternativa senão entrega-lo ao senhorio Henrique, para não ter de pagar mais rendas. Quando desabou, demolidor, o novo aumento do IMI, já Henrique tinha desistido de conseguir alugar o espaço ou mesmo vender o imóvel: não pagou e deixou que as Finanças lhe levassem o prédio.
Assim se concluiu, neste pequeno microcosmos económico de Campo de Ourique, o processo de "ajustamento" da economia portuguesa: vários trabalhadores reconvertidos a marmita, cinco outros desempregados, duas pequenas empresas encerradas e um senhorio desprovido da sua propriedade.
Nessa altura, Gaspar, Rufus e Selassie deram-se conta, com espanto, de várias coisas que não vinham nos livros: que, apesar de aumentarem sistematicamente a carga fiscal, podia acontecer que a receita do Estado diminuísse; que os sacrifícios sem sentido implicavam mais recessão e a recessão custava mais caro ao Estado, sob a forma de mais subsídios de desemprego a pagar; que uma e outra coisa juntas não tinham permitido, ao contrário das suas previsões, diminuir o défice ou a dívida do Estado; e que o que mantinha o país a funcionar não eram as grandes empresas e grupos económicos protegidos, nem sequer os 7% de empresas exportadoras, mas sim os 93% de empresas dirigidas ao mercado interno, que respondiam pela esmagadora maioria dos empregos e atendiam as necessidades da vida corrente das pessoas comuns.
E, passeando melancolicamente nos jardins de Yale, numa chuvosa manhã de Thanksgiving, Rufus e Selassie deram com um velho cartaz colado a uma parede, desde os tempos da primeira campanha eleitoral de Bill Clinton: "É a economia, estúpidos!".
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Mãe
Vou herdar-lhe as flores, pedi-as às minhas irmãs. Um dos grandes amores da sua vida. Mas mãos dela, tudo florescia. O galho mai...
-
Quem passa pela Barragem de Alqueva depara com uma frase em letras garrafais, porém já cheias de ferrugem, mal disfarçadas por uma rede que ...
-
Quando falo no Migraleve, no seu desaparecimento do mercado e no complicado esquema de fornecimento externo que consiste basicamente em crav...
-
Última hora José Sócrates ameaça mandar apagar as luzes de S. Bento e ligar o sistema de rega dos jardins do palácio às 20h00 do dia ...