Dantes, há vários anos, era apoiante do PS nas eleições autárquicas. Já aqui o disse várias vezes, tal como em outros locais públicos. Não é segredo para ninguém, faço questão de não esconder quem sou e de onde venho.
Depois, fui ficando desiludida. Por uma questão de ética e de princípios, vou abster-me de reproduzir aqui o que vi e ouvi em várias circunstâncias. Até à gota de água. Em 2005, durante a campanha autárquica, o PS escreveu-me uma carta (ainda estou para saber quem deu autorização para a cedência dos meus dados pessoais). Num tom paternalista, aconselhava-me o sentido de voto e sobretudo, alertava-me para a necessidade de me libertar do medo que me era imposto nos corredores da Câmara, através de ameaças e outras atitudes dignas da máfia napolitana. Foi aí que me decidi. Eu, até aí declarada apoiante socialista, não só não era alvo de qualquer tipo de perseguição, como registava, com apreço, um extraordinário apoio do executivo à biblioteca, e às minhas propostas, com especial destaque para a feira do livro, que cresceu a olhos vistos nesses anos.
Ainda assim, tive medo - sim, medo - de declarar publicamente o meu apoio à CDU. Temia os comentários maldosos, as eternas acusações e a cereja no topo do bolo: "Agora és comunista?"
Um dia, um amigo partiu. Era jovem e tinha a vida pela frente. Enquanto vinha do funeral para casa, não consegui deixar de pensar que a vida não se compadece com receios e diplomacias. Enviei uma sms ao João Ramos, a pessoa que mais responsabilidade tem na minha adesão a esta causa. Manifestei o meu apoio publicamente e as acusações vieram. Lembro-me de encontrar uma pessoa que considerava amiga, que, no meio da descompostura que me pregou, ainda me disse "Mesmo que quisesses votar neles, não dizias nada a ninguém, assim ficas marcada para sempre!"
Ainda hoje continuam a cair acusações (aqui na caixa de comentários, por exemplo, todos religiosamente guardados com os respectivos IPs), tal como as ameaças. Dizem que vou passar a andar com um balde e uma esfregona à frente, que vou desterrada para um pólo, etc. São também sobejamente conhecidas as atitudes de sobranceria ao entrar em serviços da autarquia, ou em conversas com funcionários, que terminam invariavelmente com "Assim que tomarmos posse, isto muda tudo!"
É por isso que acho graça a quem vem agora, com ares de virgem ofendida, atirar acusações para o ar. Não me surpreende, nada disso, já estou tão habituadinha, tenho cá tanto material desse... mas continua a ser ridículo.
Três notas finais:
1. Não serão permitidos comentários neste post.
2. Este não é um blogue de política, nem de debate. É meu, pessoal.
3. Durante a gestão CDU, subi de categoria apenas duas vezes, em 16 anos. Devia estar já no topo da carreira, ainda nem sequer cheguei a meio. Concorri duas vezes a lugares de chefia, e não fui a escolhida. Nada beneficiei, a título pessoal, com os executivos CDU. Porque é que, mesmo assim, apoio esta candidatura? Porque não confundo a árvore com a floresta. Tenho três filhos, quero que eles vivam num concelho melhor.