No sábado, a RTP 2 exibiu um documentário sobre a Google. Não me enganei, é A Google, a empresa gigantesca criada a partir do motor de busca.
Fiquei a saber que muitas empresas contratam especialistas que se dedicam a estudar e promover estratégias para que que as suas páginas na internet figurem entre os primeiros resultados numa dada pesquisa.
De facto, como são ordenadas as respostas que a Google dá às nossas pesquisas?
Teoricamente, as primeiras referências listadas corresponderiam aos sites mais consultados, cuja informação estaria mais correcta e actualizada. Mas afinal, não é bem assim.
A Google reserva-se o direito de retirar, sumariamente, qualquer página ou referência, simplesmente porque sim. E a ordem pela qual as referências aparecem também é decidida pela Google. Os responsáveis pela empresa alegam que essa ordem é meramente o produto de cálculos algorítmicos, em que se conjugam factores como o número de pesquisas, o número de consultas, a data da última actualização e outros factores determinantes para a validade das páginas em questão.
O problema é que o tal documentário expôs situações de arbitrariedade que roçam a censura.
O dono de uma página na internet de jogos para crianças, que recebia 18 milhões de visitas por dia, viu o seu tráfego reduzido a menos de um terço, de um dia para o outro. Acabou por se aperceber que, sem qualquer razão aparente, a Google havia retirado TODAS as referências à sua empresa do motor de pesquisa. O processo corre agora em tribunal.
Uma pesquisa sobre a Praça Tiananmen, feita a partir de qualquer país, excepto a China, dará como primeiros resultados as fotografias do tristemente célebre dia 4 de Junho de 1989. Mas se a pesquisa for feita no Google chinês, nem vestígios da manifestação, apenas imagens pitorescas da grande praça.
Além disso, a Google está a armazenar dados sobre a utilização que cada um de nós faz da internet. Bancos de dados gigantescos contêm dados sobre as páginas que pesquisámos, alegadamente com o objectivo de recolher informação sobre os nossos interesses, para depois nos enviarem informações (leia-se publicidade directa e indirecta) sobre esses temas.
Muito generosamente, a Google ofereceu uma cobertura de rede wireless para toda a cidade de S. Francisco, na Califórnia. Agora, propõe "detectar" a posição dos seus utilizadores, para lhes facilitar a vida (tão amorosos) enviando informação e sugestões sobre as lojas mais próximas, os cinemas e restaurantes, etc. E até se oferecem para memorizar os números de identificação e cartões de crédito dos cibernautas.
Não sei porquê, mas desde sábado que a expressão Big Brother (na versão de George Orwell, nada a ver com a TVI) não me sai da cabeça. A vocês também?
Nota: Esta imagem é do filme 1984, mas o livro homónimo que lhe deu origem está disponível para empréstimo na Biblioteca.
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Também vi o mesmo documentário e fiquei com muitas dúvidas quanto a certas actuações da Google e de como nos "espia", é mesmo à Big Brother...
ResponderEliminarE a nós, que trabalhamos no acesso à informação e temos o dever de garantir o livre acesso a informação isenta, deve preocupar-nos ainda mais.
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