"A MINHA PORTA...
A minha porta está velha…não me lembro muito bem de como era a minha porta antes, supostamente era nova como eu era.
Na rua de Arouche nº 25 erguia-se uma casa, 1º andar humilde, poucas divisões e tectos de caniço, uma cozinha com um tanque de pedra, uma sala de jantar com janela cheia de vasos de flores (agora lembro que era como se fosse o nosso jardim..ilusões dos olhos dos pobres), uma casa de banho onde não se podia tomar banho, dois quartos, uma sala de entrada que, como o nome indica, ficava-se nela assim que se entrava por uma escadas longas e perigosas (ainda me lembro da cancela de madeira ali colocada para que se evitassem acidentes), um dos quartos era interior, a única luz natural que tinha era de uma telha de vidro colocada bem lá nas alturas…era um quarto com muitas camas, o outro quarto (o dos meus pais) tinha 2 janelas para a rua e uma porta que dava para uma espécie de sótão, o sótão de todos os trastes velhos, de todos os utensílios e inutensilios, o sótão de todos os sonhos (um dia conto-vos os sonhos daquele sótão).
Nesta casa, a casa da minha porta da rua de Arouche nº 25, cresceram três meninas.
Hoje passei na Rua de Arouche, ao ver a casa da porta nº 25 o tempo parou…
Vi uma porta velha, uma casa abandonada, a única casa que se encontra em mau estado naquela rua. Na casa da Dona Irondina (nem sei se é assim que se escreve ou se leva H..naquele tempo, no tempo em que ela era a vizinha do rés do chão, eu mal sabia escrever) agora há uma loja de bordados e toalhas de renda, na casa do senhor Silva (antes havia um casão onde ao fim do dia o esperávamos para o ver guardar o carro das “bestas”) há uma loja de computadores e um escritório de contabilidade, na casa do Victor já viveram lá tantos outros que não sei o nome, na casa da Zézé já não há a loja de electrodomésticos do senhor Malveiro (ai as estórias que aquela loja tinha para contar!) e em frente a esta casa já não existe a casa do faz de conta onde íamos brincar aos pequenos vagabundos (o que valeu alguns dissabores e más recordações a muitos de nós), e a casa da Célia, com a taberna do pai dela (uma taberna enorme e onde se ouviam cantar os homens ao fim do dia) também já não existe como antes.
Todas as casas da rua de Arouche são agora outras casas, só mantêm o nome da rua como antes, são novas, modernas portas e janelas, modernas pessoas, modernas vidas…só a casa da porta nº 25 é uma casa velha com uma porta velha.
Hoje passei pela rua da Arouche, a minha rua, a minha casa, a minha porta..
Hoje fiquei com vontade de vos contar todas as estórias que aquela rua, aquela casa e aquela porta contam ainda em mim.
Naquela casa cresceram três meninas…
Não é por acaso que é necessário bater à porta com aquela mão…
Acredito que não foi por acaso que ninguém modernizou aquela casa, que ninguém habita aquela casa…hoje agradeci em silêncio por o não terem feito…
Tenho tantas estórias para contar…da única casa com porta velha na Rua de Arouche.
Naquela casa cresceram três meninas..
A Fátinha, a zézinha e a Natalinha com uma avó que se chamava Luísa e fazia sonhos.
Shiuuu eu conto…"
A minha casa é agora o número 18, e a Rua de Arouche é agora a minha rua também.
txiiiiiiiiiiii tu não me digas que foste tu a "culpada" da "minha" casa já estar em obras!!!!!!!!
ResponderEliminar;)
Tinha que ser, um dia tinha que ser...passei lá novamente e quando vi que finalmente alguém a estava a recuperar tive um misto de sentimentos contraditórios, mas sorri...tinha que ser!
um beijo e olha bem por ela ;)
AquiJazz..mim
Não, não fui. Não sei quem foi, mas acho que por enquanto, a obra parou na substituição do telhado. O resto ainda permanece igual.
ResponderEliminarHoje de manhã olhei para a porta com mais atenção, mas o batente já não está lá...
:( eu quero aquele batente!!!! É meu!!!
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