Tradutor Cavaquistanês-Português
Depois da expectativa a frustração. Os discursos de Cavaco começam a rivalizar com os de Sampaio. Ninguém os entende. Hoje, antes de ir ocupar o tacho no Ministério resolvi passar pelo chinês e perdendo o amor a 1,50 €, com pilhas incluído, decidi comprar um tradutor de Cavaquistanês/Português. Inseri algumas partes do discurso e qual não foi o meu espanto quando vi que funcionava. Partilho aqui os resultados para que fiquem mais ou menos na mesma.
(Cavaco Silva) - “não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante.”
(Tradução) - O primeiro que me ouviu falar de escutas, tirando a Maria, a rapaziada aqui em Belém e uma ou outra fonte que levante o microfone ou me mostre o cartão de militante do PS.
(C) - “a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente da República fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar.”
(T) - A Presidência, cuja sede social é em Belém, é uma nano-mini-micro-pequena empresa que orienta o país e da qual eu sou o chefe. Aqui quem manda sou eu. Se apanho alguém a falar por mim lanço-lhe os meus cães de caça, os galos de luta e também os chefes das casas civis.
(C) - “foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência.”
(T) - Então mas o que é isto. Está tudo parvo ou que?
(C) - “o Presidente da República não cede a pressões nem se deixa condicionar, seja por quem for.”
(T) - Estou-me a passar com os socialistas, com os comunistas, com os radicais, com centristas e principalmente com os sociais-democratas. Até com o MEP já estou aborrecido.
O Presidente questiona: “porquê toda aquela manipulação?”
- À excepção dos Socialistas, dos comunistas, dos radicais, do Manuel Alegre e do Pacheco Pereira quem mais me quer lixar?
(C) - “não tenho conhecimento de que no tempo dos presidentes que me antecederam no cargo, os membros das respectivas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos com os partidos a que pertenciam”.
(T)- Anteriormente, no tempo do Sampaio e do Soares, isso sim era uma vergonha. Os assessores além dos programas do PS escreviam livros, crónicas, horóscopos e houve um que até uma banda fez.
(C) - “como é que aqueles políticos sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil da Presidência da República”.
(T)- Como é que o raio dos socialistas descobriram? Bem sei que alguns dos meus assessores foram vistos com uma caneta e uma folha A4 em branco, mas daí a escreverem o programa do PSD. Vou decapitar um assessor só para verem que falo verdade.
(C) - “Pretenderam-me colar ao PSD e desviar as atenções dos actos eleitorais. E a mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um e-mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário, sobre um assessor do gabinete do primeiro-ministro que esteve presente durante a visita que efectuei à Madeira, em Abril de 2008”
(T)- Entalei o Santana da maneira que todos sabem, dei força à candidatura da Manuela Ferreira Leite como viram e ainda arranjei esta confusão durante as eleições e dizem que me colei ao PSD? Quanto muito ao PS. E a história do e-mail do Público é-me tão indiferente e caricata que quando apanhar o indivíduo do DN que o obteve lhe passo com todos os carros da comitiva por cima, só para verem que não liguei nada a isso.
(C) - “Não conheço o assessor do primeiro-ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu durante a minha visita à Madeira e se disso fez ou não relatos a alguém. Sobre mim próprio teria pouco a relatar que não fosse de todos conhecido. E por isso não atribuí qualquer importância à sua presença”
(T) - Sei bem quem é esse tal de Rui Paulo da Silva Figueiredo, o espião. Sei que mora ali para os lados da Amadora. Já contratei dois açorianos ilegais para lhe roubarem o Cartão Victória e o cartão da Galp. Nas próximas viagens se me quiser espiar não vai ganhar pontos. Sobre a viagem à Madeira só para o chatear não fiz nada de especial, tal como em todas as outras viagens.
(C) - “Confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas”,
(T) - O Lima, além da mania das escutas, ultimamente não tem convivido bem com o Hilário, o seu amigo imaginário. Na semana passada vi os discutir nos jardins do palácio. Ainda por cima são Sporting, se o homem já andava perturbado imaginem agora. Eu pessoalmente também não gosto muito do Hilário, mas sobre isso não quero falar com ele aqui.
(C) - “Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?”
(T) -Porque razão recebo tantos mails de VIAGRA se só uma vez mandei vir? E alguém me explica os e-mails dos casinos on-line? Se só jogo aos domingos porque razão todos os dias os recebo.
(C) - “Agora vou jantar que daqui a pouco vão começar os Gato Fedorento.”
(T) – Vou para o escritório pensar nos superiores interesses da nação e honrar a nobre pátria com o meu humilde trabalho. Mais tarde talvez coma um naco de bolo-rei antes de me deitar. Se tiverem perguntas para fazer, tentem entre vós obter as respostas.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Mais bolo-rei
Encontrei isto no blogue Corta Vicente:
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