Há exactamente 50 anos, a 29 de Outubro de 1959, surgia nas bancas francesas a revista "Pilote".Notícia aqui.
Nela, fazia a sua estreia um certo Astérix, que viria a tornar-se um dos mais conhecidos heróis de banda desenhada de sempre.
À partida, nada o parecia indicar. O titular da série era baixo, pouco vistoso e mais astuto do que inteligente. Ao seu lado, caminhava um gigante desajeitado, sempre com um menir - um calhau! - às costas, incapaz de controlar a sua força excessiva.
Na sua aldeia, habitavam um chefe com pouca autoridade, um peixeiro com horror a peixe fresco, um bardo com voz de cana rachada, um ferreiro que usava o martelo mais para bater neste último do que para trabalhar na forja e diversos outros exemplos a não seguir. A isto há que acrescentar que todos tinham nomes acabados em "ix" e que sistematicamente andavam à pancada entre si, excepto quando se entretinham a bater nos romanos entrincheirados nos campos fortificados que rodeavam a sua aldeia.
E a tiragem do primeiro álbum - "Astérix o Gaulês" (1961) - de apenas seis mil exemplares, parecia confirmá-lo. No entanto, a sucessão de novas aventuras, o apuramento gráfico de Uderzo, um desenhador de eleição, com as suas personagens arredondadas e de nariz grande e um notável sentido de ritmo e de movimento, e o humor inteligente e irresistível de Goscinny, pouco a pouco foram conquistando leitores, fazendo com que "Astérix e Cleópatra" (1965) já tirasse 100 mil exemplares, e dois anos depois, "Astérix e os Normandos" ultrapassasse o milhão de exemplares.
As bases do sucesso foram os vários níveis de leitura presentes na obra, cativante para os mais novos pelas sucessivas tareias que os gauleses davam nos romanos, e para os mais velhos pela mordaz crítica social e de costumes, pelo divertido retrato estereotipado que Goscinny traçou de cada um dos povos dos países que Astérix visitou.
Quando Goscinny faleceu em 1977, muitos pensaram que tinha chegado o fim do pequeno guerreiro gaulês, mas após um período de reflexão, Uderzo decidiu assumir integralmente a criação de Astérix e, se a qualidade dos argumentos se ressentiu disso, o hábil gestor que ele se revelou, multiplicando os produtos de merchandising, criando um parque temático e apostando no audiovisual, onde se contam sete filmes de animação e três longas-metragens com actores como Christian Clavier, Gérard Deperdieu, Roberto Benigni, Laetitia Casta ou Mónica Bellucci, fez com que as vendas disparassem - a tiragem global de "O céu cai-lhe em cima da cabeça" (2005) foi de 8 milhões - transformando Astérix numa marca apetecida que gera mais de 12 milhões de euros anuais.
Mas isso, são outras histórias. As que interessam hoje, são aos quadradinhos: 35 álbuns, mais de 1500 pranchas, que esta data convida a (re)ler e (re)descobrir, com a garantia de boas gargalhadas, momentos bem passados e um alegre banquete final, com javali assado e sem a voz do bardo a desafinar.
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É verdade faz hoje 50 anos, no mesmo dia em que se celebra o dia mundial da Psoríase e dia mundial do AVC... a sorte é que os desenhos animados não sofrem destas coisas.
ResponderEliminarJosé Francisco