A possibilidade de taxar a frequência do ensino secundário - que é obrigatório por lei - com o pagamento de propinas revela que é sempre possível ir um bocadinho mais longe no esforço concertado de destruição da sociedade em geral e da classe média em particular. Num futuro não muito distante voltaremos a ter um enorme fosso entre os muito pobres e os muito ricos, quer em termos monetários, quer no que diz respeito à educação e ao acesso à informação e à cultura. Valores como a solidariedade, a igualdade de oportunidades, a plena cidadania parecem nada significar e um dia, estas palavras até podem desaparecer do léxico, uma vez que já ninguém conhecerá o seu real significado.
Eu sei que ando numa fase em que só vejo o copo meio vazio, mas na verdade, tenho cada vez menos esperança neste país. Ainda que este governo caia, como pedem os eternos barões da sociedade nacional, encabeçados por Mário Soares, qual é a alternativa? José António Seguro e os seus voluntários, seguindo a tradição da alternância no poder entre PSD e PS? Não me façam rir que me dói a cabeça.
Estamos completamente perdidos e desesperados. Absolutamente vulneráveis e prontos a cair na conversa de um qualquer charlatão que queira ser o D. Sebastião do século XXI.
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