sexta-feira, 28 de maio de 2010

Longe demais



Porque é um dia especial para a minha filha mais velha, não vou poder participar. Por isso, expresso aqui a minha indignação pela forma como a crise que supostamente deveria ser paga por todos, está a ser mais uma vez atirada para as costas dos mais fracos. Independentemente das cores e opções políticas, toda a gente concorda que a situação é muito crítica e que é necessário mostrar o nosso descontentamento de forma bem clara e audível. A fuga para a frente nunca foi solução para nenhum problema, e também não o é agora. É preciso uma análise cuidada da situação e a criação de um conjunto de medidas que envolvam o esforço de todos, mas de forma justa e equilibrada. E é preciso humildade para saber recuar quando já se foi longe demais.

1 comentário:

  1. O tão protelado direito à indignação, de todos aqueles que querem protestar contra esta política, contra esta situação, contra este inconformismo e inevitabilidade com que nos parecem querer anestesiar, e que são normalmente os que menos têm, e os que menos podem, os trabalhadores por contra de outrem, pequenos e médios empresários, comerciantes, agricultores, reformados, jovens, desempregados, que têm apenas ao seu alcance e como forma de protesto, sair à rua e gritar bem alto a sua indignação.

    A esses todos vêm logo os analistas encartados do regime, economistas do sistema, políticos do chamado arco governativo (PS, PSD, CDS), grandes empresários, distintos Ex. Presidentes, a vociferar contra a falta de patriotismo desta gente, com as beneméritas agências de Rating , os Bancos, e a UE, de olho em nós: como ousa esta gente, protestar, que falta de união, de sentido patriótico, de solidariedade. Pois… não foi esta gente que promoveu esta economia de casino, que deu indicações aos bancos, para emprestarem, emprestarem, promoverem o crédito fácil, sem olhar a nada, não foi esta gente que recebeu milhões e milhões ao longo dos anos para modernizar o País, para apoiar a Industria, o Comércio, as Pescas, a Agricultura, a Educação, a Saúde, não foi esta gente que acumulou lucros obscenos ao longo dos anos, sem reinvestimento, não era esta gente, por certo, que, que fugiu aos impostos anos e anos, não foi esta gente que pediu para ser assinado, sem ser consultado o Povo, o Tratado de Lisboa, que nos retira agora a autonomia de conduzir a nossa política?

    Mas, foi a esta gente, que foi prometido há mais de uma dezena de anos, que os sacrifícios e o apertar o cinto (apenas para os mesmos), eram em nome de um futuro melhor, que iríamos ter melhores salários, mais poder de compra, mais emprego, mais regalias sociais, melhor educação, saúde, justiça, que iríamos todos caminhar numa justa aproximação ao grau de desenvolvimento já atingido pela maioria dos Países da EU, tudo isso nos disseram, nos prometeram.

    À chamada crise, sucedeu outra nova crise, e o que nos pedem? Que sejamos obedientes, que tenhamos paciência, que isto um dia vai passar, que nos sacrifiquemos só mais um pouco, que não nos indignemos ou manifestemos, que está tudo de olho em nós.

    Indignar e chantagear, é meus caros, apenas privilégio de alguns, os senhores Empresários, Banqueiros, podem ameaçar retirar o dinheiro daqui, não emprestar...se...se...se... Se não forem ouvidas as suas reivindicações, os seus apelos e directrizes não forem seguidas.

    A Comissão Europeia, Bancos Centrais e outros que tais, impõem, apontam, levantam a voz, e que fazemos nós? Obedecemos, como bons alunos que somos. Estes sim podem manifestar, protestar, indignar, mas na rua? Não! Isso é coisa de trabalhadores, nós protestamos no conforto dos Gabinetes, entre uma boa almoçarada.

    Não temos o poder do dinheiro, ou das armas para chantagear, não temos o conforto dos gabinetes para nos fazermos ouvir, mas temos a força do nosso trabalho, da nossa razão, e a rua e a voz como arma de protesto, e isso ninguém nos tira.

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