terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Querida PT

Tenho de encarar de uma vez por todas a verdade sobre a nossa relação. Por muito que queira, nunca será uma relação normal, está visto. É mais do tipo "quanto mais me bates, mais gosto de ti", o que acaba por ser um bocado doentio.

Andamos sempre assim, de candeias às avessas, mas a verdade é que não conseguimos separar-nos. Até já acho que merecia uma borla, considerando tudo o que tenho aturado. 

Da última vez pensei que era definitivo e já estava preparada para ver aqueles rolos de fios abandonarem a minha casa para darem lugar à zon que dizem que é toda boa, mas reconsiderei e decidir dar uma nova oportunidade à minha companhia de sempre. Para provar a minha boa fé, fui mais longe e aderi ao Meo4O (o nome por acaso não é muito feliz, e nem mesmo o Ricardo Araújo Pereira e os seus acólitos conseguem disfarçar isto).

Depois de muitos telefonemas e duas visitas a lojas PT - "Lá é mais rápido, activam-lhe o serviço de imediato" - nada de novo. Os miúdos sem moche, à espera da activação do serviço, "Oh mãe, estou farta de ser anti-social!" e do outro lado da linha "Sra D. Zélia Parreira, muito obrigado pelo tempo que esteve a aguardar", mas não temos nada de novo para lhe dizer.

Enfim, chega a mensagem aos telefones dos miúdos. O serviço está activo, pode começar a falar. No meu é que... nada.

Não fico preocupada, afinal, o que é que pode correr mal? Deve estar a chegar, com certeza, até porque também devo receber o aviso relativo à alteração do tarifário da televisão e internet. 

Mais um dia, nada. 

Dois dias, nada.

Três dias e nada. Vou ligar. 13 minutos a ouvir música e uma mensagem repetitiva sobre como posso resolver todos os meus problemas em www.ptcliente.pt. Entre ataques de tosse e uma voz que oscila entre a Júlia Pinheiro e outra coisa não identificada, explico a situação. Vão passar-me ao departamento adequado. Ah não, afinal enganaram-se, tenho de desligar e voltar a ligar. Coisa simples, são só mais umas 327 repetições da mensagem e sou atendida outra vez. Explico tudinho muito bem, confirmo que sou a Sra. D. Zélia Parreira, obrigada pelo tempo que esteve a aguardar e vão passar-me ao departamento adequado. Onde é que eu já ouvi isto? Já não estou muito bem disposta, "Olhe minha senhora, veja lá se acerta desta vez, não me apetece passar aqui a tarde inteira!"

"Boa tarde, em que posso ajudá-la?" Tem a minha ficha toda à frente, mas tenho de contar a história toda outra vez. A esta hora já há pelo menos mais 4789 pessoas a ouvir música e publicidade à área de cliente PT. Confirma outra vez quem eu sou, o que implica o número de contribuinte, o número de telefone fixo e o número de telemóvel de contacto. "Exactamente  está tudo certo. Vamos então confirmar os números de telemóvel que aderiram ao serviço."

E é aí que está a surpresa! Uma alma caridosa enganou-se a registar o meu número - foi só um dígito de diferença - o que significa que outro número recebeu de bónus um pacote de vários minutos grátis para todas as redes, várias sms e internet até não sei quantos megas, tudo convenientemente pago por mim. Tudo isto apesar de o meu numero de telemóvel - que entretanto ficou sem saldo - constar na minha ficha de cliente e servir para publicidade de todas as empresas do grupo PT, por ser o número de contacto directo.

De forma que é assim, PT, tratas-me mal. Não queres saber de mim para nada, só para me pregar umas valentes inquietações. E nem posso desabafar, porque lá está... não tenho saldo! Prometeste que ias resolver isto "tão breve quanto possível" e eu não carreguei mais o telemóvel. Por isso é que te escrevo esta carta, a ver se te toco o coração. Mesmo assim, é mais rápido do que ligar para a linha "PT, muito obrigada pelo tempo que esteve a aguardar" ou ir a www.ptcliente.pt, onde afinal não se resolve nada.

Beijinhos


1 comentário:

  1. Trata.se do agradecimento que dão pela preferencia do cliente...

    Volte sempre!

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