quinta-feira, 14 de junho de 2012
Parabéns filha
A minha vida já deu várias voltas, acho que acontece com todas as vidas. Dias em que achamos que a nossa vida acabou de mudar, que nada será igual, nunca mais. Porém, nenhum dia será como este.
Já sei que o ditado popular diz "dores paridas, dores esquecidas", mas tenho de confessar que mesmo naquelas longas 22 horas em que esperei por ela, as dores não me custaram. Ou porque estava de tal modo apavorada, a pensar que ia morrer ou coisa parecida, ou porque a ansiedade em lhe ver a cara não me deixava pensar, confesso que só a última meia hora me custou.
Depois foi o que se sabe. Sala de partos, ela toda coberta daquela coisa cinzenta e mal cheirosa com que pelos vistos eu a protegia, em cima do meu peito e pronto. Nunca, nada, jamais, voltou a ser igual. Tive mais dois filhos, que adoro com a mesma intensidade, cada um à sua maneira porque eles são pessoas diferentes e gosto de cada um exactamente como é, ainda que ande sempre a tentar corrigi-los a todos para melhor... Com cada um deles vivi momentos que foram só nossos, de cada vez que eu e cada um deles entrámos no bloco operatório juntos para as malfadadas cesarianas e saímos duplicados. A única diferença é que por essa altura, eu já era mãe da Inês. Já tinha descoberto que a vida afinal é a cores e não aquela monotonia do preto e branco que é a vida de quem está sozinho. Sozinha nunca mais fiquei, isso é um facto.
Não dormi nessa noite. Passei as horas a olhar para ela, tão redondinha, tão rosadinha, tão pacífica. A minha menina, a vida que nasceu de mim. Ainda hoje tudo me espanta, não consigo dentro do meu cérebro, apreender toda a grandeza que é a possibilidade de dar uma vida. Eu dei três vidas. Três vidas para que a minha fosse completa, três vidas para este planeta, três vidas que dependem de mim e das quais eu me tornei totalmente dependente.
À hora exacta a que este post é publicado, 00h10 do dia 14 de Junho, a minha filha Inês completa 18 anos. Eu estou em absoluta negação, a minha menina continua a ser a minha menina, rosadinha, com as mãos pousadas uma na outra, a dormir enquanto eu olho para ela.
Não foram fáceis, estes 18 anos. Na verdade, tenho de confessar que até foram maioritariamente difíceis. Foi preciso ir buscar muita coragem para manter o pulso firme, porque fosse como fosse, estava decidida a fazer dela uma mulher com valores, com princípios, solidária, amiga, educada, honesta, franca e responsável. Algumas coisas "vinham no pacote", outras já estão lá, outras estão a ser trabalhadas, agora já com a participação dela.
Mas não foram só tristezas, nem pensar... Agora passamos o tempo a rir com as memórias, tantas memórias que temos. Mas essas ficam para nós, são demasiado valiosas.
Parabéns Inês!
Esta música era a banda sonora do filme Os três mosqueteiros, que estava em exibição quando tu estavas para nascer. Tem o teu Bryan Adams :)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Mãe
Vou herdar-lhe as flores, pedi-as às minhas irmãs. Um dos grandes amores da sua vida. Mas mãos dela, tudo florescia. O galho mai...
-
Quem passa pela Barragem de Alqueva depara com uma frase em letras garrafais, porém já cheias de ferrugem, mal disfarçadas por uma rede que ...
-
Quando falo no Migraleve, no seu desaparecimento do mercado e no complicado esquema de fornecimento externo que consiste basicamente em crav...
-
Última hora José Sócrates ameaça mandar apagar as luzes de S. Bento e ligar o sistema de rega dos jardins do palácio às 20h00 do dia ...
Parabéns à Inês e à mamã orgulhosa dos seus rebentos. Beijinhos.
ResponderEliminarLuís Amor
Muitos parabéns à filhota... e sem esquecer a mãe babada que tu és!!
ResponderEliminarBeijinhos,
Parabéns a ambas!
ResponderEliminarObrigada Luís, mfc, Professor :)
ResponderEliminar