Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987
Muitos sóis e luas irão nascer
Mais ondas na praia rebentar
Já não tem sentido ter ou não ter
Vivo com o meu ódio a mendigar
Tenho muitos anos para sofrer
Mais do que uma vida para andar
Bebo o fel amargo até morrer
Já não tenho pena sei esperar
A cobiça é fraca melhor dizer
A vida não presta para sonhar
Minha luz dos olhos que eu vi nascer
Num dia tão breve a clarear
As águas do rio são de correr
Cada vez mais perto sem parar
Sou como o morcego vejo sem ver
Sou como o sossego sei esperar
Zeca um senhor da música portuguesa, com verdadeiros hinos à liberdade, solidariedade à luta, um homem que que podia ter tudo, que morreu na miséria, mas esteve sempre do lado certo da luta, da luta contra os poderosos, as injustiças, do lado dos mais fracos. Hoje há poucos como ele, nesta mediocridade de sociedade, em que todos se calam por meia dúzia de tostões. Que a voz do Zeca nunca se cale, e que venham mais cinco, mais mil, e todos, para derrubarmos esta podridão de sociedade capitalista.
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