Em 2 de Abril assinala-se o Dia Internacional do Livro Infantil. A data foi escolhida por ser o aniversário de Hans Christian Andersen, o magnífico contador de histórias dinamarquês. Nascido em 1805, de origem humilde, filho de um sapateiro, Andersen instalou-se em Copenhaga em 1819 onde, graças à ajuda de generosos protectores, estudou canto e dança. Mas na realidade a sua formação foi autodidacta, alimentada por abundantes leituras. A partir de 1833 começou a publicar obras dramáticas, diários, apontamentos de viagens e alguns romances.
Mas a obra que o torna célebre em todo o mundo é uma série de Contos, traduzidos para uma infinidade de idiomas. Entre 1835 e 1872 publicou 156 contos, alguns dos quais fazem parte do imaginário de todas as crianças: O soldadinho de chumbo, A pequena sereia, A menina dos fósforos, O patinho feio, e aquele de que mais gosto: O fato novo do Imperador (também conhecido por O rei vai nú), entre outros.
Todos os anos, o IBBY (International Board on Books for Young People) divulga uma mensagem de apelo à promoção da leitura para crianças e jovens. A minha preferida, de todas estas mensagens, continua a ser a de 2001, escrita pela húngara Éva Janikovszky:
Nos livros está tudo
Que haverá nos livros? - costumava perguntar a mim mesma quando tinha três ou quatro anos, sentada no meu banquinho, na livraria dos meus avós.
Atrás da caixa, sentava-se a avó. Do outro lado do balcão, a minha mãe esperava os clientes. Por detrás dela, as estantes chegavam até ao tecto e, para se poder alcançar os livros das prateleiras de cima, uma grande escada, suspensa de uma barra de ferro por dois ganchos, deslizava da esquerda para a direita e da direita para a esquerda.
Não pensem que me aborrecia! Quando um cliente entrava na loja, eu punha-me a adivinhar: irá escolher um livro das estantes inferiores, ou interessar-se-á por algum colocado nas de cima? Jovem, ágil e inteligente, a minha mãe sabia onde se encontrava cada livro, subia a escada se necessário, descia com um livro de capa azul, vermelha ou dourada e colocava-o diante do comprador. Eu sentia-me orgulhosa da minha mãe e cada vez me interessava mais e mais pelo que pudesse existir nos livros. Nas filas de baixo, também os havia de capa azul, vermelha ou dourada, cheios de letras negras, pequeninas, mas nenhum tinha desenhos tão bonitos como os meus !
Em minha casa toda a gente lia. A minha mãe, o meu pai, os meus avós. Ao observar os seus rostos inclinados sobre um livro, ao ver que às vezes sorriam, que outras vezes se punham sérios, e que em certos momentos viravam a página com uma atenção tensa, interrogava-me: Por onde andarão? Se lhes falo, não me ouvem e, quando por fim me prestam atenção, parecem acabados de sair de algum lugar distante. Por que não me levam com eles? Que existe afinal nos livros? Qual é o segredo que não me querem contar?
Mais tarde aprendi a ler. E descobri, enfim, o segredo dos livros. Descobri que neles estava tudo. Não apenas fadas, gnomos, princesas e bruxas malvadas. Também lá estávamos tu e eu com todas as nossas alegrias, as nossas preocupações, os nossos desejos, as nossas tristezas; o bem e o mal, a verdade e a falsidade, a natureza, o universo. Tudo isso cabe nos livros.
Abre um livro! Ele partilhará contigo todos os seus segredos.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.