Açúcar Amarelo: Então porque não experimenta?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Então porque não experimenta?

A CIP foi uma das entidades que se opuseram ao aumento do salário mínimo em Portugal de 450 euros para 475 euros no próximo ano. Francisco Van Zeller declarou ao Diário Económico, em entrevista exclusiva no final de 2009, que não imagina o que é viver com 450 euros por mês, mas diz que enquanto não existirem condições de produtividade será impossível aumentar o salário mínimo, até porque considera que uma diferença de 25 euros não corrige o problema.

Ora, vocês conhecem-me. Não costumo dizer palavrões, tento sempre ser educada e expressar a minha indignação com alguma correcção de linguagem. Por isso, Sr. Van Zeller, porque é que não se vai encher de moscas?

8 comentários:

Patricia Parreira07/01/10, 14:26
Acho que "encher de moscas" e muito suave para o senhor. Diz mesmo o que te vai na alma!
Coitadinho do senhor, até da pena, não da???

Bejos

Patricia
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Harley07/01/10, 23:55
Haverá por aí muita gente que por 25 euros era capaz de lhe partir os cornos!!
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Anónimo08/01/10, 01:06
E experimentar apanhar azeitona em Janeiro a ganhar 450euros? Acho que fácilmente lhe passava essa mania de patrão. Tem falta de uns calos nas mãos e de saber valorizar o trabalho dos outros. Adorava experimentar umas terapias de choque com este pretensioso.
Infelizemente, haverá sempre os bajuladores dos senhores das "notas de 100 estendidas"..! Felizmente, ainda não é o dinheiro que lhes assegura um lugar cativo nesta vida - embora muitos julguem que viverão eternamente para gozar o que ganharam à custa do trabalho dos outros. Apetece-me dizer... tanto dinheiro mas tanta pobreza de espiríto.
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Anónimo08/01/10, 11:35
ainda por cima é feio que nem o raio que o parta
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Anónimo08/01/10, 14:19
Olá...
Apesar de seguir atentamente este blog desde há algum tempo a esta parte, este será o meu primeiro comentário, espero que o 1.º de muitos...
É que é impossível não reagir ao comentário deste "Senhor"...
Alguém ouviu as suas declarações ontem à noite na comunicação social?
Este Sr. disse para quem o quis ouvir, espero que alguém também o tenha escutado,que o Primeiro-Ministro com quem trabalhou mais ao longo dos últimos 8 anos à frente da CIP foi precisamente o "Eng." Sócrates...
Por que será? Este só lá teve nos últimos 4 anos...
Bastante curioso o facto de o "Patrão dos Patrões" afirmar publicamente as suas afinidades com o "Eng." Sócrates, supostamente de esquerda, supostamente defensor daqueles que trabalham para os patrões...

Bom, acho que me fiz entender...

Cumprimentos a todos os seguidores e à excelsa mentora deste blog,

Moi même.
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Anónimo08/01/10, 18:35
... tanta gente chocada e a botar discurso e provavelmente hoje, e talvez durante a semana toda, não produziram para o salário ...

... como o mundo é cruel ...

tss tsss

Lixo Tóxico
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Anónimo08/01/10, 23:13
Este homem vive?
Ainda não percebi como é que ainda não comprou uma redoma de vidro para não se misturar com a "gentalha"!
LT... vá lá, não acha que os seus trabalhadores mereciam um aumentozinho? Ou é daqueles trabalhadores que se contentam com umas sobras e umas festas na cabeça..!? É verdade que alguns nem as sobras merecem, mas não generalize...sob pena de também sermos todos "panisgas" e "fanchonas"!:)

BB
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Com-Traste12/01/10, 03:27
Ia comentar mas esta picardia entre LT e BB deixa-me deliciada ;)

quanto ao resto, sou a favor como já disse algures ehehhe
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Açúcar Amarelo

Primeiro, era a viagem de carro. Curvas e mais curvas no carocha amarelo que o meu pai comprou em 1976. Ao princípio, apenas eu e a minha irmã Marta no banco de trás, depois com a Sara e a Patrícia aninhadas entre nós as duas.

Quando chegávamos a Brinches, íamos logo ter a casa da minha avó. Ficava na rua da entrada, perto de uma igreja, e da Escola onde a minha irmã ainda frequentou a tele-escola naqueles meses inseguros de 1974.

Entrávamos sempre pelo quintal, que fazia uma espécie de corredor ao longo da casa e terminava num pátio, aconchegado pela sombra de uma parreira. Lembro-me de passar aí muitas horas, a conversar e sobretudo, a ouvir as conversas dos “grandes”. O meu avô gostava de fazer aí a barba, com uma bacia e um espelho rectangular pendurado no tronco da parreira.

Entrávamos em casa pela cozinha. Ele aí está, o cheiro da casa da minha avó. Cheira a nós, à nossa vida. Cheira a barro cheio de água fresca e a comida a acabar de cozinhar no fogão. Cheira a taipa e a cal.

Da cozinha passávamos para a casa de jantar, que era também a entrada de casa pela porta principal, e daí para os dois quartos. Na cozinha estava também a porta para a despensa, a minha divisão preferida da casa. Como me parecia enorme aquela despensa… Sempre na penumbra, era ali que se guardava tudo. O cântaro do azeite e a conserva das azeitonas, o queijo de cabra sequinho, as mercearias, os chocolates que a minha avó escondia apenas para que levasse algum tempo a encontrá-los e comê-los às escondidas. E era ali que guardava os pacotes de papel pardo com açúcar amarelo. Às vezes, havia dois pacotes. Era sinal que um deles era para nós trazermos para Moura.

Quando o açúcar se acabava, ia com a minha avó à rua que ia dar ao vale, à loja do vizinho Lico. Outra vez o cheiro. Cheirava a linguiça e a queijo, ao feijão e grão ensacados, a café, a farinha, a sabão azul e branco, a cera vendida a peso, a tudo o que a minha imaginação alcançava.

Do lado direito da porta, encostada à parede, estava a saca do açúcar amarelo, com a colher de latão, para encher os pacotes de ¼ e ½ quilo que as mulheres iam comprar. Eu ia sempre ver quando o vizinho Lico enchia o pacote, na esperança de que viessem muitos torrões, que eu adorava comer à socapa.

Às vezes, na volta, e quando a minha avó estava bem-disposta, passávamos pela casa de uma vizinha, ao lado do posto da GNR, para comprar pirolitos. Eram chupa-chupas caseiros feitos com água, açúcar e mel, com a forma de um cone muito esguio. Havia de vários tamanhos e eu levava sempre muito tempo a decidir quais os que queria. Os grandes eram tão bons, mas só podia comprar um ou dois. Dos pequenos podia comprar mais, mas acabavam-se num instante…

Basta-me fechar os olhos. Saborear o açúcar amarelo a desfazer-se numa chávena de café ou a envolver uma fatia dourada. Tudo volta: O carocha amarelo, a luz do dia no quintal da minha avó, a voz do meu avô, a sombra da parreira, o cheiro da despensa. Nós ainda somos pequeninas, a vida está à nossa frente e tudo, absolutamente tudo, é possível.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Então porque não experimenta?

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