sexta-feira, 11 de março de 2011

Quando

Quando é que o cativeiro
Acabará em mim,
E, próprio dianteiro,
Avançarei enfim?

Quando é que me desato
Dos laços que me dei?
Quando serei um facto?
Quando é que me serei?

Quando, ao virar da esquina
De qualquer dia meu,
Me acharei alma digna
Da alma que Deus me deu?

Quando é que será quando?
Não sei. E até então
Viverei perguntando:
Perguntarei em vão.

Fernando Pessoa
                          

7 comentários:

  1. A menina sente-se perdida? E o magnífico contador que te acompanha, no topo do blog, é muito agradável...

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  2. Adoro Fernando Pessoa, regularmente publico poemas seus no FB...

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  3. Quase sempre somos os maiores inimigos de nós próprios, e Fernando Pessoa é um bom exemplo disso. Valeu-lhe o génio no meio de tanto pensamento inconclusivo.

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  4. Essas perguntas só encontram respostas dentro de nós.

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  5. @ António o Implume
    Pronto, já tirei o contador. Que picuinhas que os meninos são... Está contentinho?

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  6. Sobravam ao ser humano Fernando Pessoa qualidades para nos mostrar suas fraquezas de imortal.
    Aos nossos políticos falta-lhes inteligência e sensibilidade para se indagarem até onde vão suas limitações.
    Aparentar importância, na terra dos Srs. Doutores, é exigência cultural da herança discriminatória do passado. Esses falsos valores arruínam o País.
    “Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.”? Abraham Lincoln
    Carlos - RJ

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