segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Festa

No mês em que todas as semanas chegam ao fim com festa numa das freguesias do nosso concelho, e quase um mês depois das Festas de Nossa Senhora do Carmo deste ano, continuamos sem Comissão de Festas para o próximo ano.

Se antes, ser 'Festeiro' representava a maior de todas as honras para um filho da terra, natural ou adoptivo, nos últimos anos tem sido muito difícil encontrar um grupo de pessoas dispostas a prescindir das suas vidas, dos seus tempos livres e do seu precioso e certamente merecido descanso para chamarem a si a responsabilidade de organizar a Festa.

Todos sabemos que não são apenas aqueles cinco dias de Julho que estão em causa. É um ano de trabalho intenso e muito duro, muitas vezes premiado com injustiças, calúnias e ingratidão. Julgo até ser este o factor que mais inibe potenciais candidatos: o medo da crítica, o peso da responsabilidade de conduzir uma Festa a que as pessoas não adiram e que, como tal, redunde num prejuízo financeiro irrecuperável, para não falar da perda irreparável da credibilidade.

Parece-me portanto, que chegamos a um beco sem saída. Vítimas da nossa própria intolerância, do desrespeito pelo trabalho alheio, do egoísmo e da inveja, estamos condenados a ter, cada vez menos Festa e cada vez mais, umas noites de esplanada regadas com muita cerveja.

Podemos chamar-lhe festa? Podemos, mas não é a mesma coisa.

5 comentários:

  1. Eu por acaso raramente fui em Festas.

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  2. Subscrevo!
    Todos nós temos a nossa quota parte de culpa por este fim.
    Antes todos viviamos para ajudar as festas e agora vivemos para ganhar com as festas. lembram-se de quando todos os cafés e bares fechavam na 2ª feira para obrigar as pessoas a irem ao espetaculo???
    agora ate se fazem espetaculos de concorrencia. de que nos poderemos queixar??? somos obra das nossas proprias mãos :)

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  3. Por acaso dava-me jeito que lhe chamássemos outra coisa. Estive a reler o texto, e a palavra festa aparece 7 ou 8 vezes. É um bocadinho redundante, mas é para não se esquecerem do que estamos a falar.

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  4. Continua-mos assim estamos no bom caminho....não acham?

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  5. Também seria um bom desafio para as gerações mais novas ou para quem nunca experimentou dar sem receber nada em troca, a não ser a satisfação do desinteressado objectivo cumprido por ter contribuído com um pouco de si para a sua terra.
    Talvez seja tempo de começar a reflectir se a nossa postura perante as coisas é aquela que melhor se adequa ao que pretendemos e, muitas vezes, exigimos dos outros. A auto-critíca é um bom exercicío. Queremos continuar a ter as tradicionais festas ou bastamo-nos com umas imperiais na esplanada!? Acho que as gerações mais novas terão sempre a última palavra pois é delas que (já) depende o futuro e a evolução ou regressão(?) do estado de coisas a que chamamos presente.

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