terça-feira, 31 de agosto de 2010

Qualquer indirecta que se possa retirar deste post não é só coincidência.

Gosto de conduzir. Quando preciso de pensar, conduzo, quando estou triste e preciso de novos horizontes, conduzo, quando estou irritada e preciso descarregar, conduzo. Também conduzo por necessidade, claro, quando preciso simplesmente de me deslocar de cá para lá.

Normalmente, tenho uma condução descontraída. Excepto quando há um camelo qualquer que se cola ao meu pára-choques. As curvas que faço quase sem dar por elas, tornam-se operações de cálculo em que é preciso equacionar quando e se devo travar, a partir de que momento devo virar o volante, etc. Até a velocidade deixa de ser uma coisa tranquila e passa a ser controlada, para não acelerar demais, não vá o camelo lá de trás achar que eu sou doida, nem andar demasiado devagar, porque de certeza vai mandar uma boca acerca da perícia das mulheres ao volante. E obviamente, não posso travar.

Ora, eu acho que até conduzo bem, pelo menos é o que toda a gente me diz. Mas o que é que querem, tenho embirração com estes cromos. Se abrandamos e nos encostamos à direita, para permitir que nos ultrapassem, fazem um sorrisinho cínico e ficam ali, colados ao nosso pára-choques. Se aceleramos, aceleram atrás de nós e lá se vai o juramento de "vou continuar a conduzir nas calmas, como se ele não estivesse ali".

É por isso que, de há uns tempos para cá, me apetece gritar, e em bom alentejano, que tem muito mais impacto:

Deslarga-me!

  

9 comentários:

  1. Ah, eu não sou alentejana mas "deslarga-me" percebe-se universalmente:)

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  2. se utilizare esta formula magica para todas as situações vai ver que fica muito melhor.... mais feliz....
    até sempre....

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  3. Há um truque engraçado que ás vezes dá resultado, criando até um certo constrangimento ao Chico Esperto que vai colado no pára choques. O Golf 4, se não estou em erro, possui na sua traseira duas luzes de nevoeiro, quando o individuo que circula atrás vê acender duas luzes vermelhas o próprio instinto de condutor encarrega-se de lhe colocar o pézinho no travão. A velocidade confere um acrescimo de adrenalina a esta manobra, basta acender e apagar as ditas luzes uma ou duas vezes. Há ainda outra hipotese que embora eficaz é tambem um pouco perigosa, consiste em colocar mesmo o pé no travão mas de uma forma muito suave e com o pé esquerdo, de forma a que faça acender as luzes de STOP sem que o carro perca velocidade evitando tambem a colisão do veiculo que circula a trás. Esta ultíma é muito utilizada pelos pilotos de automóveis mas com uma intenção diferente. Em ultimo caso abres o vidro, esticas o braço e aplicas o tal gesto universal bastante eficaz neste tipo de situações.

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  4. excelente texto e belíssimas entrelinhas.

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  5. Zélia

    falta apenas um "acrescento" pra coisa ficar bem mais alentejana:

    "deslarga-me...porra"

    lol

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  6. Não foi nada de que não me lembrasse...

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  7. Como fã incondicional do deslarga-me, esta não me importava que passasse a constar do dicionário de lingua portuguesa. A minha táctica é abrandar e deixar passar e, normalmente, resulta. Sei que nos voltaremos a encontrar mais à frente como na fábula da lebre e da tartaruga.

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