quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quando o futebol é o que menos importa no campeonato



Ainda sou do tempo em que não havia televisão por cabo. Nessa época, era comum nas tardes de Domingo, ver os homens sentados nos bancos da Praça ou do Jardim com o rádio colado ao ouvido, ou pousado entre eles, enquanto os locutores relatavam com emoção as jogadas dos heróis da bola.

No estúdio havia uma espécie de maestro, que coordenava a emissão, passando de um estádio para o outro. De vez em quando, aquele grito. "Goooooooooooooooloooooooo!". O relato que estava no ar era subitamente interrompido e a atenção desviada para o estádio onde, graças à magia de um qualquer pontapé, a bola acabava de entrar na baliza.

O futebol era por isso uma das definições das tardes de Domingo, a que se juntavam as bolachas recheadas de chocolate do Sr. Nicolau, à porta do Jardim e, lá mais para a tardinha, as matinés d'Os Amarelos.

Agora, o futebol é à noite e a horas tão óbvias como 19:15 ou 20:45, para fazer coincidir os intervalos cheios de publicidade com as horas certas do relógio.

Agora, o futebol é para as transmissões televisivas e os estádios estão cada vez mais vazios de gente, enquanto crescem as receitas das estações por cabo.

Agora, os sorteios já não são sorteios, são equações matemáticas, em que não pode haver "clássicos" antes da 5ª jornada, nem em jornadas consecutivas, etc., etc... Agora, o futebol é apenas um detalhe, abafado pelo festival de comentadores, pelas declarações polémicas, pelas conferências de imprensa, e por uma data de palavras estrangeiras mal pronunciadas, como flash interview e outras tretas do género.

Agora, já não há Campeonatos. Há Ligas com nomes de marcas e taças com nomes de cervejas, e estádios com nomes de empresas.

Agora já não há futebol. É só negócio, mais nada.

         

2 comentários:

  1. está de facto cada vez mais encontrar futebol por ai.

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  2. Há muito que assim é. Portugal é apenas uma migalha, presta atenção à UEFA e FIFA....

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