“O Ruben era um rapaz que passava a vida no centro comercial. Só comprava roupas de marca.
Só comia na pizzaria ou no McDonald’s.
Só via o mundo pelo cinema.
Só subia escadas rolantes.
Só falava com os amigos nos corredores apinhados de gente.
Só sabia que era Primavera quando das montras retiravam os casacos e vestiam os manequins com roupas leves, coloridas.
Quando chegava o seu dia de anos era sempre um problema escolher entre os milhares de objectos expostos no centro comercial.
- Que prenda gostavas de receber? – perguntaram-lhe os pais (…).
- Ah, quero tantas coisas… jogos para a minha consola, uns ténis Nike, um blusão Adidas, um filme fantástico em DVD, uma televisão panorâmica, uma agenda electrónica, um telemóvel com máquina fotográfica, um gel verde para os cabelos, uma esferográfica com cheiro a Coca-Cola, uma mochila transparente, umas meias com monstros extraterrestres, umas calças pretas com vinte bolsos, cadernos novos com retratos dos craques de futebol, uma caixa de chocolates com recheio de ginja, uns boxers com as sete cores do arco-íris, um porta-chaves com lanterna, uns óculos escuros de marca, um…
- Mas que loucura! – exclamou a mãe. – Pensas que somos milionários?
- Ora – replicou o Ruben -, para que serve o dinheiro? E se não o tiverem, podem usar o cartão de crédito. Compram agora, pagam depois. É o que toda a gente faz no centro comercial.”
SOARES, Luísa Ducla - Comprar, comprar, comprar. Porto : Civilização , 2010 . ISBN 978-972-26-2881-5
Disponível na Biblioteca Municipal. Uma lição importante para os miúdos, que os graúdos também estão a precisar de ouvir (ou como estamos a educar os nossos filhos?)
terça-feira, 13 de julho de 2010
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